O cinema sofreu grandes mudanças nas últimas décadas. A evolução das tecnologias, o surgimento de novas técnicas e a passagem do analógico para o digital permitiram, no que toca a filmes e séries, que as possibilidades sejam hoje infinitas. E uma delas é despir digitalmente os atores e atrizes.

Se tem acompanhado a série Game of Thrones (A Guerra dos Tronos, em português), é provável que tenha dado de caras com uma destas situações, diz o jornal El País. No último episódio da quinta temporada, Cersei Lannister (interpretada pela atriz britânica Lena Headey) confessa adultério e é castigada. Cortam-lhe o cabelo e é obrigada a percorrer as ruas da cidade completamente nua, enquanto o povo a vai insultando e lhe atira todo o tipo de coisas. Mas o nu de Lannister, visto no pequeno ecrã por milhões de fãs, não é verdadeiro.

A cena que ficou conhecida por “walk of shame” (ou “passeio da vergonha”) foi rodada na cidade croata de Dubrovnik e Lena Headey não andou mesmo nua pelas ruas. Aliás, nem é mesmo Lena Headey que aparece nesses seis minutos de episódio. O passeio foi gravado com recurso a um duplo, a atriz Rebecca Van Cleave, e foi ela a sujeitar-se aos insultos dos figurinos, sempre tapada por um vestido de cor bege.

Só depois das gravações é que se fundiram as expressões de Lena Headey com o corpo de Van Cleave, removendo o vestido bege e adicionando um falso nu gerado em computador. A aplicação é conhecida pela sigla inglesa CGI (“Imagens Geradas por Computador”) e permite às produtoras recriar cenas demasiado caras ou simplesmente impraticáveis na vida real. Mas no caso específico do “nu digital”, o caso mais flagrante da aplicação de CGI surgiu há cerca de cinco anos, no filme Machete. A dada altura, Jessica Alba (agente Sartana, no filme) aparece nua. E uma vez mais, este nu não é verdadeiro. A atriz rodou a cena em lingerie.

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Antes e depois da pós-produção. A atriz Jessica Alba rodou o filme em roupa interior, mas aparece nua no resultado final graças a imagens geradas em computador. (Imagem: El País / Troublemaker Studios & Overnight Films)

Duplos e CGI foram técnicas também usadas em filmes como Avatar ou Star Wars. No entanto, os mesmos efeitos especiais usados para “despir digitalmente” atores ou atrizes podem ser usados para “acrescentar mais roupa” numa determinada cena. Numa versão do filme Showgirls adquirida por um canal de televisão norte-americano, algumas partes tiveram de ser digitalmente retocadas para poderem ser vistas pela generalidade do público.

Porém, em relação ao “nu digital”, não restam dúvidas de que a prática se tem tornado cada vez mais popular entre as produtoras. E agora que já conhece o segredo, ver um filme poderá ser uma experiência bem diferente.