A Grécia vai ter um Governo de esquerda ou de direita, mas não vai ter um grande coligação. A garantia foi dada na noite de segunda-feira por Alexis Tsipras, primeiro-ministro demissionário, no debate televisivo com o seu principal adversário, Evangelos Meimarakis, líder da Nova Democracia. A mais recente sondagem, conhecida esta segunda-feira, dá um empate entre os dois partidos.

Num debate intenso e que durou várias horas, foram muitas as acusações de parte a parte sobre como governaram cada um dos partidos, Syriza e Nova Democracia. Tsipras foi acusado de quebrar todas as promessas eleitorais e de estar confuso e esquecido: “Mudou de personalidade assim que assinou o memorando”, acusou Meimarakis.

Com eleições no domingo, Alexis Tsipras mantém-se confiante, apesar da queda das intenções de voto no Syriza, que vai ter uma maioria absoluta no Parlamento. Mesmo que não o consiga, garante, não vai fazer uma grande coligação com países conservadores como a Nova Democracia, algo que, diz, não seria natural, já que os partidos discordam em temas cruciais.

“Não há dúvida que imediatamente após as eleições o país terá um Governo, mas será ou um governo progressivo ou um governo conservador”, garantiu Tsipras, que admite ainda assim procurar consensos alargados, mas na ala esquerda, que chama de progressiva.

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O líder da Nova Democracia atacou Alexis Tsipras, a quem chama de “primeiro-ministro dos 60 euros”, numa alusão ao limite de levantamentos nas caixas automáticas devido aos controlos de capitais que o Governo de Alexis Tsipras impôs imediatamente a seguir a convocar um referendo à proposta dos credores para o resgate à Grécia, pedia uma coligação alargada, mesmo que vencesse as eleições.

Caso vença no domingo, Meimarakis diz que irá formar um Governo com “coragem” para implementar o resgate acordado com os credores.

Os dois mais bem colocados para se tornarem no próximo primeiro-ministro da Grécia discordaram ainda fundamentalmente na forma como resolver a questão da dívida. Alexis Tsipras insiste que a dívida pública grega não é sustentável e tem de ser reestruturada, enquanto Evangelos Meimarakis o critica precisamente por fazer essa admissão, dizendo que um dos requisitos dos credores para avançar com o alívio da dívida é que ela seja sustentável e, como tal, que as palavras de Tsipras acabando por derrotar o seu propósito.

Syriza e Nova Democracia empatados

Já se sabia que o Syriza estava a perder popularidade, mas uma sondagem divulgada antes do debate aponta para um empate técnico entre o Syriza e a Nova Democracia.

Segundo a sondagem da Metron Analysis, uma das quatro principais usadas pelos meios de comunicação na Grécia, Syriza e Nova Democracia surgem empatados com 24,6% das intenções de voto.

Em janeiro o Syriza venceu as eleições com uma grande margem para a Nova Democracia, muito perto da maioria absoluta, com 36,3% dos votos, contra 27,8% da Nova Democracia. As sondagens anteriores davam uma vantagem, ainda que curta, do Syriza.

O partido também já não é o mesmo, uma vez que alguns dos seus membros saíram para formar um novo partido. A ala mais radical do Syriza, a Plataforma de Esquerda, saiu para formar o Unidade Popular, que é liderado agora por Panagiotis Lafazanis, o ex-ministro da Energia que tinha um plano para retirar a Grécia do euro que inclua a apreensão das reservas de notas de euro do banco central e até a prisão do governador em caso de desobediência.

Outras figuras proeminentes do Syriza, caso do ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis e da presidente do Parlamento Zoe Konstantopoulou, não acompanham o partido. Konstantopoulou deverá formar o seu próprio movimento.