Jardim falava numa sessão do Clube dos Pensadores que decorreu em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, esta segunda-feira, debate ao longo do qual foi alvo da ideia de que não mantém boas relações com o atual primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, mas o social-democrata nunca chegou a responder a essa provocação.

Claro que o cumprimentei [quando Passos Coelho foi à Madeira]. Há uma questão de boa educação“, afirmou, antes de ser convidado a fazer um prognóstico aos resultados das próximas eleições.

“Penso que os interesses financeiros do país e as forças que estão por trás da cortina neste país têm interesse que o PSD ganhe. Se há anos atrás ouvíamos a comunicação social dizer que a Esquerda vai bestial e a Direita não diz nada que preste. Desta vez é ao contrário. Eu nunca vi a Esquerda ser tão mal tratada pela comunicação social”, referiu.

Ao longo da sua intervenção, antes do período reservado a perguntas, Alberto João Jardim recordou que a 14 de junho apresentou o documento “Tomada da Bastilha”, repetindo a ideia de que Portugal “só muda alterando a Constituição”, e já no período de respostas ao público explicou qual seria a única forma que o faria avançar com uma candidatura às Presidenciais.

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“Eu só sou candidato se houvesse um movimento à escala nacional que concordasse em mudar a Constituição. Já disse que não faço figura de D. Quixote. Para ir a umas eleições tinha de se ter suporte para ir e se fosse para ir era para jogar para ganhar”.

Já em resposta à pergunta sobre se acredita que avançará Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rio ou ambos, João Jardim considerou que os candidatos “dependerão muito” dos resultados de 04 de outubro.

“Acho que isto ainda é muito cedo. Resta saber primeiro o que é que vai suceder nestas eleições. Os candidatos presidenciais vão acabar por ser aqueles que os partidos querem. Se ganha o PSD e fica lá a atual direção, quem é que a atual direção quer? O perfil que o atual presidente do PSD traçou no último congresso não me parece que encaixe muito no Marcelo“, referiu.

E a mesma teoria para os socialistas: “E aplico o mesmo ao PS: se com este presidente do PS há um determinado candidato e se perante uma derrota do atual do PS, vem um outro e há outro entendimento. Vai depender de quem vai estar à frente dos partidos após estas eleições “, completou.

Partindo do caso da Grécia, o social-democrata também defendeu que “Portugal devia fazer um lobby com os partidos do Sul” porque no seu ponto de vista “hoje tudo se negoceia”

“Eu sempre disse que Portugal tem de ter em Bruxelas o comportamento que a Região Autónoma tem em Lisboa: bate o pé, defende os seus direitos”, disse.

Sobre questões relacionadas sobre o acolhimento a refugiados sublinhou que o “princípio de ação tem de se ajudar as pessoas”, mas respondeu que “é preciso saber quem se recebe, até por uma questão de segurança nacional”: “Saber o que é que lhes vamos fazer imediatamente. Terceiro: é preciso saber onde é que é preciso força de trabalho porque não vamos ter turistas cá dentro. Vamos saber onde é que o país precisa de força de trabalho para dar uma oportunidade de nova vida a essas pessoas”, afirmou.

O também ex-vice-presidente do PSD, quando Marcelo Rebelo de Sousa era presidente dos sociais-democratas, instado a comentar o facto de em Portugal existir um ex-primeiro ministro em investigação, foi peremptório: “Isso é um assunto em que eu não me meto”, respondeu.