A primeira edição do Festival Lusófono, que durante quatro noites leva até Nova Iorque artistas de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, começa esta terça-feira na cidade norte-americana.

O festival é promovido pelo World Music Institute, uma organização sem fins lucrativos que se dedica à promoção da música e dança menos comerciais de todo o mundo e que celebra este ano o seu 30.º aniversário.

“Ter um evento com artistas de países lusófonos permite-nos ter um evento em que muitas partes diferentes do mundo se reúnem. Outra missão que temos é apresentar artistas menos conhecidos a uma audiência maior nos Estados Unidos, e existem tantos artistas fantásticos nestas partes do mundo”, explicou à Lusa o diretor artístico da organização, Par Neiburger.

O mesmo responsável garante que a organização “recebeu um apoio tremendo das diferentes comunidades lusófonas” da cidade.

“Juntar estas diferentes culturas sobre um mesmo pretexto foi algo que motivou uma resposta muito positiva das pessoas”, garante Neiburger.

O festival começa hoje com o grupo brasileiro “Os Mutantes”, que são considerados os pioneiros da música avant-garde do Brasil e darão um espetáculo no Le Poisson Rouge.

“São uma das minhas bandas preferidas de sempre, e foram tremendamente influentes na música moderna, particularmente na América. Esta é a única data que terão nos EUA nesta tour”, explicou Neiburger.

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No dia seguinte, atua a fadista lisboeta Lula Pena, que sobe ao palco no espaço Drom NYC (85 Avenue A).

“Uma verdadeiramente extraordinária cantora de fado, a elusiva e esotérica Lula Pena é uma das maiores cantoras nascidas em Portugal. Os seus trabalhos convocam influências internacionais para dar novas texturas ao antigo género musical português”, escreve a organização do festival.

O diretor artístico do evento diz que a intenção foi sempre trazer um fadista de Portugal, mas que “Lula Pena é particularmente interessante porque incorpora a morna de Cabo Verde e a bossa nova do Brasil, o que mostra que as culturas lusófonas a polinizarem-se umas às outras”.

“É uma artista conhecida por ser reservada e por isso não é muito conhecida entre os americanos, mas qualquer um que oiça a sua música apaixona-se de imediato”, acrescenta.

No dia 17, atua no Town Hall a cabo-verdiana Fantcha, protegida de Cesária Évora, e conhecida pela forma como mistura as ‘coladeras’ e outras influências lusófonas.

No mesmo espaço e no mesmo dia, atua mais tarde a brasileira Ana Carolina, escolhida para mostrar o lado contemporâneo da música brasileira.

“Achámos que ter a justaposição de um grupo antigo, um clássico, muito avant-garde, com uma cantora moderna que é muito mais pop mostrava vem a grande variedade de música do Brasil”, disse o responsável.

O festival termina a 18 de setembro, no Drom NYC, com os ritmos africanos dos angolanos Ricardo Lemvo & Makina Loca.

Na mesma noite, atua a moçambicana Isabel Novella, com o seu estilo original marrabenta-bossa.

Neiburger diz que Ricardo Lemvo “é um artista incrível, que incorpora muitas influências na sua música, como a salsa” e que Novella “foi escolhida por ser uma artista em ascensão que representa o novo movimento ‘afropolitan’ que está a acontecer na música africana”.