A imagem de um urso polar extremamente magro invadiu as redes sociais quando o fotógrafo Kerstin Langenberger a publicou no Facebook. A fragilidade do animal impressionou quem olhou para a imagem. A maior concluiu que a foto ilustra as mudanças climatéricas que o Ártico está a atravessar.
Esta é também a opinião do próprio fotógrafo: “Para os turistas e fotógrafos de vida selvagem, a principal razão para ir a Svalbard (Noruega) é ver os ursos polares. E sim, normalmente encontramo-los: belos ursos, fotogénicos e até à beira da morte”.
Conhecedor dos glaciares do Ártico, Kerstin Langenberger diz testemunhar o gelo a derreter ao mesmo ritmo que vê cada vez mais animais a desaparecer. “Vi muitas vezes ursos horrivelmente magros e eram exclusivamente fêmeas. Um mero esqueleto, magoadas, possivelmente numa desesperada tentativa de caçar uma morsa enquanto estava presa em terra”, descreve o fotógrafo.
A descrição de Kerstin Langenberger contraria as versões dos cientistas que defendem que a população de ursos em Svalbard está estável. “Como pode uma população estar estável se tem cada vez menos fêmeas e crias?”, interroga-se o fotógrafo.
Muitos dizem que a observação do fotógrafo é insuficiente para tirar conclusões sobre a situação climatérica no Ártico, mas a verdade é que o degelo é uma realidade no pólo norte. A NASA indica que, entre 1979 e 2013, a extensão da cobertura de gelo diminuiu 19,9% em cada década, enquanto os bancos de gelo também diminuiram 13,7% por década no mesmo intervalo de tempo. A National Center for Environmental Information indica que 2015 pode ser o ano mais quente de sempre. O mês de julho foi o mais preocupante até agora, tendo sido o mais quente dos últimos 136 anos.
Mas como é que estes números afetam os ursos polares? Estes animais desenvolvem a sua vida nas calotes polares. É a partir delas que os ursos tentam aceder à água para pescar. Com essas calotes a derreter, os ursos deixam de ter espaço e ficam encurralados em territórios gelados mais pequenos e frágeis, sem comida, explica a organização Polar Bears International.
Se o acesso à comida diminui (as morsas também sofrem com o degelo e começam a escassear), a condição física piora, a sobrevivência das crias fica posta em causa, os animais são obrigados a nadar mais tempo e acabam por afogar-se por fadiga e aumentam até as situações de canibalismo (mais comuns em situações críticas).