Já se percebeu que os resultados dos debates são determinados pelas necessidades dos protagonistas: a semana passada, António Costa precisava de ganhar, e quase toda a gente achou que tinha ganho; esta semana, era a Passos Coelho que dava jeito ganhar, e mais uma vez quase toda a gente teve a opinião que lhe convinha. Somos um povo generoso.

De facto, o debate não teve novidade em relação ao anterior. António Costa insistiu na sua violenta revisão da história de Portugal: a crise e o ajustamento dos últimos anos deveram-se única e exclusivamente à ideologia de Passos Coelho, sem outra causa nem razão. Nem a troika teve culpa, nem a finança internacional: só Passos. A estratégia de Passos foi, desta vez com mais precisão, comprometer António Costa com as obscuridades e as incertezas do seu programa, e conseguiu-o no caso da Segurança Social: este foi o debate dos mil milhões de poupanças que Costa não conseguiu explicar.

De resto, tivemos mais uma vez um debate por sectores e políticas públicas. Como irá ser o país governado depois de 4 de Outubro se ninguém tiver maioria absoluta? Nenhum dos candidatos gosta de “cenários”, mas a pergunta poderia e deveria ter sido feita.

Finalmente, ficou a curiosidade do extremo belicismo de Costa no capítulo dos refugiados: aparentemente, ele aprecia intervenções militares.

* Rui Ramos é historiador e colunista do Observador

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