A organização não-governamental Survival International (SI) denunciou hoje que, no Brasil, “terratenentes” levaram a cabo “um ataque violento” contra os índios guarani, no qual cerca de 30 pessoas foram sequestradas e várias ficaram feridas.

Os guarani sofreram na sexta-feira esta agressão que também “obrigou mulheres e crianças a fugir”, indicou a SI num comunicado em que classifica estes atos como “violência brutal”.

A comunidade guarani de Pyelito Kuê tinha recuperado uma pequena parte da sua terra ancestral e, desde então, os seus elementos passaram a ser “vítimas de ataques às mãos dos pistoleiros contratados pelos terratenentes”.

A Survival International, que tem a sua sede em Londres, precisou que uma mulher guarani foi “violada e espancada e agora está hospitalizada” e assegurou que vários índios ficaram feridos e muitos fugiram “aterrorizados” em direção a uma pequena parte da floresta.

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Cerca de 30 índios foram obrigados a subir para a parte traseira de uma camioneta que os conduziu para longe e os abandonou numa vala.

Os atacantes destruíram também os equipamentos de comunicação do projeto Voz Indígena, facultados pela SI aos membros daquela etnia para comunicarem com o resto do mundo e denunciarem a sua situação.

Os índios vivem há anos “amontoados” em reservas situadas numa minúscula parcela de terra, encurralados entre um rio e um “mar de soja” e no meio de uma plantação de eucaliptos, referiu a organização.

Além disso, acrescentou, os proprietários apoderaram-se de todas as suas terras e os seus “matadores a soldo” atacam-nos com muita frequência.

Também houve agressões contra a comunidade de Potrero Guasu que se saldaram em três guaranis feridos e hospitalizados e a totalidade das suas casas e pertences queimados.

“É terrível. Os pistoleiros atacaram-nos a meio da noite. Queimaram tudo. Dispararam sobre nós. Alguns dos meus familiares ficaram feridos e muitos fugiram. Não sei onde nem como estão agora. Faremos tudo o que for necessário para recuperar as nossas terras. Não nos renderemos”, declarou o líder da comunidade Pyelito Kuê, Márcio.

A SI recorda que, segundo a Constituição do Brasil, as terras dos índios deveriam ter sido devolvidas aos seus proprietários originais para seu uso exclusivo em 1993, mas 22 anos depois “muitos continuam sem terras e sem nada”.