O Kremlin lamentou hoje a aproximação entre a NATO e a Ucrânia, que se comprometeram em Kiev a reforçar a sua cooperação militar, e avisou de que a Rússia adotará contramedidas.

“Esses planos não podem despertar outra coisa que não pesar. É claro que qualquer aproximação dessa organização das nossas fronteiras nos obriga à adoção de contramedidas para garantir a nossa própria segurança”, disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Peskov sublinhou que a Aliança Atlântica é incapaz de mudar a sua “predestinação” e recordou que foi criada “durante uma época de antagonismo”, referindo-se à Guerra Fria.

“A NATO não pode mudar o sentido da sua própria existência”, disse à imprensa local.

Por sua vez, sobre o gesto sem precedentes do secretário-geral aliado, Jens Stoltenberg, que assistiu à reunião do Conselho de Segurança Nacional e Defesa em Kiev, Peskov perguntou sarcasticamente: “Stoltenberg assistiu ou presidiu à reunião?”.

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A NATO e a Ucrânia assinaram hoje uma declaração conjunta em que se comprometem a reforçar a cooperação militar com a vista posta na Rússia, que Stoltenberg acusou de continuar a armar os separatistas no leste do país.

“Nestes tempos difíceis, a Ucrânia pode contar com a NATO. A Aliança Atlântica oferece à Ucrânia tanto apoio político como prático. Apoiamos a vossa independência e integridade territorial”, disse o chefe aliado.

A NATO abrirá também uma missão diplomática em Kiev, onde agora apenas existe um centro de informação aliado, após a assinatura do respetivo acordo entre a Aliança Atlântica e o ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.

Depois de ter afastado na segunda-feira a hipótese de entrada imediata da Ucrânia no bloco ocidental, Stoltenberg propôs a Kiev uma alternativa: “Pode-se não ser membro da NATO mas desenvolver com êxito a cooperação e associação”.

Quanto à entrada na organização, depois de reconhecer na véspera que a Ucrânia ainda não está preparada, o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, adiantou que, quando o país completar as reformas das suas Forças Armadas, convocará um referendo.

“Há dois anos, cerca de 16 por cento dos ucranianos apoiava a integração euro-atlântica. Agora, o número de ucranianos que a apoiam ultrapassa os 60 por cento. Quando forem reunidas as condições, convocarei um referendo para saber qual a vontade do povo ucraniano”, disse Poroshenko.

Kiev, que revogou em finais de 2014 o artigo da Constituição que cunhava a neutralidade e o não-alinhamento em blocos militares, espera que os aliados tomem alguma decisão concreta a esse respeito na cimeira da NATO do próximo ano em Varsóvia.