Os genes, só por si, não condicionam todas as características dos seres vivos. O ambiente onde vivem e os estímulos que recebem também têm um papel importante. Agora um grupo de investigadores da Fundação Instituto Valenciano de Infertilidade, em Espanha, verificou que o ambiente dentro do útero da mulher também pode influenciar a expressão dos genes do embrião, conforme um artigo publicado na revista científica Development.

O fluído dentro do útero tem uma enorme diversidade de moléculas, incluindo partes de ARN (ácido ribonucleico). Quando estas porções de ARN são incorporadas no embrião, ainda antes da implantação (fixação no útreo), podem regular a expressão de determinados genes – ligando uns e desligando outros. Estas modificações não alteram o embrião em termos genéticos, mas podem afetar as características físicas e o aparecimento de doenças.

Os autores do estudo coordenado por Carlos Simón consideram que esta forma de comunicação entre mãe e embrião, através de exossomas (vesículas carregadas de moléculas) antes da formação da placenta, vão condicionar a expressão dos genes, mas até ao momento ainda não foi encontrada prova que influencie as doenças no adulto. Contudo, há uma evidência crescente, segundo os autores, que os embriões de mulheres obesas ou com diabetes pode fazer com que a descendência tenha mais probabilidade de desenvolver estas doenças na vida adulta.

No artigo, os investigadores citam outra investigação com uma comunidade de nativos do Arizona onde a prevalência de diabetes tipo II e diabetes é grande. As crianças nascidas de mães doentes tinham maior probabilidade de virem a padecer de diabetes ou obesidade do que outras crianças, filhas das mesmas mães, mas nascidas quando as mães já não tinham manifestações das doenças.

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