O governo não vê “qualquer sinal” de que o escândalo da Volkswagen perturbe a AutoEuropa e o contrato de investimento para a expansão da unidade de produção que está em curso. António Pires de Lima, ministro da Economia, disse esta quinta-feira após reunião do Conselho de Ministros, que está a “trabalhar com o IMT para efetuar os controlos necessários para perceber as implicações – se é que há alguma implicação – desta fraude em Portugal” e nos veículos que circulam nas estradas portuguesas.

António Pires de Lima afirmou esta quinta-fera que a fraude da Volkswagen tem “uma dimensão que não podíamos antecipar nem imaginar”. “Portanto, procurar obter da administração da Volkswagen sinais de tranquilidade sobre as implicações é algo que eu não procurarei fazer porque era estar a enganar-me a mim próprio“, notou Pires de Lima.

O que o governo fez, explicou o ministro em conferência de imprensa em Lisboa, foi “entrar em contacto e acompanhar a situação em Portugal junto da administração da AutoEuropa“. Aí, Pires de Lima concluiu que “o contrato de investimento assinado com a Volkswagen relativamente à ampliação da AutoEuropa está em execução e não há qualquer sinal de que não tenha continuidade dentro do programa que está traçado”.

Pires de Lima recebeu, também, a garantia de que “os veículos produzidos em Portugal nos últimos anos não tiveram a incorporação deste kit fraudulento“. “Essa foi a informação que nos foi dada pela AutoEuropa”.

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O ministro assinalou, contudo, que “a generalidade dos automóveis produzidos na AutoEuropa são exportados”. Em Portugal, há sobretudo veículos importados. “E, neste sentido, estamos a trabalhar com o IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) para efetuar os controlos necessários e a fiscalização necessária ao nível das emissões para perceber as implicações – se há alguma implicação – desta fraude em Portugal”.

Machete: “Governo está a acompanhar” caso de fraude da Volkswagen

Já ontem, quarta-feira, o ministro Rui Machete garantiu, em Berlim, que o Governo português está a acompanhar em conjunto com as autoridades alemãs o caso da Volkswagen e eventuais implicações deste para a Autoeuropa. “Estamos a acompanhar com atenção os desenvolvimentos deste caso, porque [a Autoeuropa] é uma unidade de produção com muita importância em Portugal”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, durante uma conferência de imprensa em Berlim.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, que se encontrou com o seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse, no entanto, acreditar que a multinacional alemã vai encontrar soluções para “ultrapassar esta situação difícil”. O ministro acrescentou que o investimento de empresas alemãs, como a Volkswagen, na economia portuguesa é importante para a “criação de emprego” e “crescimento nacional”.

Em Espanha, “investimentos estão garantidos”

O espanhol El Mundo noticiou na quarta-feira que a direção do grupo Volkswagen confirmou ao governo espanhol que o escândalo não irá repercutir-se nos investimentos do grupo alemão em Espanha. A Volkswagen garantiu, assim, que não estão em risco os investimento de 4.200 milhões de euros até 2019, tanto nas fábricas da Seat em Martorell (Barcelona) como na Landaben (Navarra).

A Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos acusou na sexta-feira a Volkswagen de falsear o desempenho dos motores em termos de emissões de gases poluentes através de um ‘software’ incorporado no veículo, enfrentando uma multa que pode ir até aos 18 mil milhões de dólares (cerca de 15,9 mil milhões de euros).

No domingo, a Volkswagen reconheceu ter falseado os dados e, na terça-feira, anunciou que mais de 11 milhões de carros a gasóleo em todo o mundo foram equipados com o tipo de motor que poderia distorcer os dados de emissões.

Na quarta-feira, o presidente executivo do grupo Volkswagen, Martin Winterkorn, anunciou a sua demissão no seguimento do escândalo sobre a acusação de a empresa ter falseado os dados sobre as emissões dos seus carros a gasóleo.