A Igreja Ortodoxa búlgara, a que pertence 80% da população do país, apelou, este sábado, ao Governo que não deixe entrar migrantes e refugiados muçulmanos no país. Os migrantes que estão a entrar na Bulgária não se comparam com os milhares que têm atravessado a Croácia nos últimos dias, mas mesmo assim os líderes religiosos e o primeiro-ministro mostram preocupação.

“Nós ajudamos os refugiados que já chegaram ao nosso país, mas o Governo não deve, em nenhum caso, deixar entrar mais refugiados”, sublinhou o santo sínodo, corpo dirigente da Igreja, numa declaração no seu site na Internet. “Trata-se de uma vaga que tem todas as características de uma invasão”, referiu o texto.

Situada nos Balcãs, a Bulgária é contornada pelo principal fluxo de migrantes que chegam da Grécia e que se dirigem para a Europa Ocidental através da Macedónia, Sérvia, Croácia e Hungria. No entanto, é um país de trânsito para os sírios, iraquianos e afegãos que estão na Turquia e que querem chegar à Europa Ocidental.

Os problemas do país de origem dos refugiados “deve ser resolvido por aqueles que os criaram e o povo búlgaro não deve pagar o preço (…)”, acrescentou a declaração.

A Bulgária é o país da União da Europeia com a taxa mais elevada de muçulmanos – cerca de 13% – entre os quais turcos, búlgaros islâmicos e outros.

Apesar da desconfiança da opinião pública contra as minorias, nenhuma tensão maior aconteceu desde o fim do comunismo em 1989.

O primeiro-ministro conservador búlgaro, Boiko Borissov, disse na sexta-feira estar “preocupado” com um eventual fluxo maciço de migrantes nos próximos meses. “Eu tenho medo e o povo búlgaro tem medo, sendo apenas no que diz respeito à religião. Nós somos cristãos, eles são muçulmanos”, referiu.

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Os refugiados continuam a chegar aos milhares

Quase 10 mil refugiados e migrantes entraram na sexta-feira na Croácia com o objetivo de chegar à Europa ocidental, segundo o ministério do Interior croata, enquanto a Áustria notabilizou uma cifra similar e à Hungria chegaram mais de oito mil pessoas.

Desde o passado dia 15 de setembro entraram na Croácia cerca de 65 mil migrantes, coincidindo com o encerramento da fronteira húngara com a Sérvia, o que converteu o território croata uma nova zona de trânsito na rota dos Balcãs. A zona mais utilizada é a chamada “fronteira verde” servo-croata, um terreno plano entre os rios Danúbio e Sava, em que se encontram as localidades de Tovarnik, Ilok Bapska, Strosinci.

Os refugiados que chegam da Croácia são levados até ao centro de acolhimento de Opatovac, perto de Tovarnik, onde são registados e podem descansar, sendo transportados em comboios e autocarros até a fronteira com a Hungria. As autoridades húngaras, por sua vez levam os migrantes para a fronteira austríaca, de onde são transportados para Viena e, dali, para a Alemanha, o destino preferido dos refugiados.

Na Hungria, a polícia informou que intercetou na sexta-feira 8.159 refugiados que entraram no país de forma ilegal, procedentes na sua maioria da Croácia.

Nas primeiras horas de hoje, cerca de dois mil refugiados foram transportados num comboio para a fronteira com a Áustria, conforme a rotina dos últimos dias.

O primeiro-ministro húngaro, o conservador Viktor Orban, assegurou na sexta-feira que o seu governo irá seguir a construção das proteções e muros na fronteira com a Croácia, para deter os milhares de refugiados que chegam a este país vizinho, como já o fez com a Sérvia.

Este ano, o número de refugiados que entraram na Hungria procedentes das zonas de conflitos supera os 240 mil, ainda que a maioria tenha abandonado o país em direção à Europa ocidental, como a Alemanha e Suécia.

Na sexta-feira, chegaram 10.500 refugiados, a maioria pela fronteira com a Hungria, em Nickelsdorf, onde há um centro de receção gerido pelo exército e pela Cruz Vermelha.