Em declarações à agência Lusa, o major Paulo Poiares adiantou que a Operação Idosos em Segurança, que arranca no Dia Internacional do Idoso (1 de outubro), visa alertar os idosos para este crime e apelar à sua denúncia.

“Alguns idosos por vergonha, devido ao tipo de burla que são alvo, acabam por não fazer a denúncia e por isso consideramos que os dados podem não ser reais”, disse Paulo Poiares.

Em 2014, a GNR investigou 243 burlas contra idosos, tendo a maioria ocorrido nos distritos de Faro, Porto, Aveiro, Setúbal, Porto, Braga e Santarém. “Os euros vão acabar”, o “conto do vigário”, anúncios de compra e venda, férias (casas fictícias), engano nos trocos, fraude bancária, empréstimos (dinheiro), entrega de documentos e “benza” do ouro, são os tipos de burlas mais frequentes.

Segundo a GNR, a grande maioria dos suspeitos identificados são homens em idade ativa e de nacionalidade portuguesa. “Quando estão perante as vítimas, os burlões apresentam-se sempre com boa aparência e com uma conversa extremamente convincente e cativante”, adianta.

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Em muitos casos, fazem-se passar por funcionários de “instituições confiáveis (Segurança Social, Bancos, CTT, EDP) ou por médicos para “darem credibilidade à personagem por si criada e enganarem as pessoas”.

“Quando atuam à distância”, os burlões apresentam-se como “pessoas credíveis que representam instituições conhecidas” para conseguirem obter dados para desvio de dinheiros, ou apresentam-se como vendedores de produtos em páginas conhecidas na internet, acrescenta a GNR.

A Operação Idosos em Segurança, que decorrerá durante o mês de outubro, também vai alertar para as questões de violência e dos maus tratos físicos e psicológicos. “Vamos apelar à denúncia deste crime, criando também consciência na população para esta situação”, adiantou Paulo Poiares, sublinhando que muitas destas situações são vividas em silêncio pelos idosos.

Durante a operação, militares dos Núcleos Idosos em Segurança vão realizar várias ações de sensibilização sobre burlas, furto e violência doméstica, e distribuir folhetos informativos, um dos quais alerta para o crime de violência doméstica, afirmando “Nunca é tarde para uma vida sem violência. Peça ajuda. Denuncie”.

Em 2013, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna, 8% do total das participações pelo crime de violência doméstica referiam-se a idosos. Estima-se que muitas destas vítimas “não falam, não contactam, nem apresentam queixa junto da forças de segurança”, lê-se no folheto da GNR, que acrescenta que “os laços familiares, a dependência e o medo de represálias são as razões do silêncio destas vítimas”.