Ainda há segredos para contar sobre a família Kennedy? Parece que sim. Patrick Kennedy, de 48 anos, decidiu lançar um livro onde revela mais pormenores sobre o clã. Ele é filho de Ted Kennedy (Edward Ted Kennedy), irmão do ex-presidente John F. Kennedy. No livro, relata os seus problemas com o álcool e os dos seus pais, rompendo  o “código familiar” de silêncio, conta o El País. Em entrevista à CBS, Patrick Kennedy explicou as consequências desse “código”:

“É uma espécie de conspiração de silêncio, não apenas para a pessoa que está a sofrer, mas para todos aqueles que interagem com ela”.

O objetivo de Patrick Kennedy é provocar um debate sobre a relação entre o álcool, a dependência de fármacos e as doenças mentais. Os problemas de álcool dele e dos seus pais não são novidade, mas, no livro A Common Struggle (Uma luta comum) são revelados episódios desconhecidos.

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O novo livro, “A Common Struggle”.

À CBS, Patrick explicou a sua intenção: “Não se trata de algo esotérico sobre como tomar conta de alguém alcoólico (…) trata-se de tomar conta de todos nós, porque todos os dias morre alguém na América e todos eles são nossos irmãos e irmãs”.

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Veja aqui o vídeo em que Patrick Kennedy apresenta o livro:

Os relatos de A Common Struggle revelam uma família desunida, em que os vícios surgem como solução para os traumas. Segundo o El País, o irmão mais velho de Patrick,  Ted Kennedy Jr., considera que o retrato apresentado da família é injusto. À CBS, o autor disse que o livro não é sobre as histórias do clã, mas sobre a forma como elas se refletiram nas suas experiências.

Patrick admite que os familiares possam estar aborrecidos, mas diz que pretendeu apenas aproveitar o seu relato para tentar afastar o estigma e a vergonha que normalmente rodeiam estes problemas. Patrick Kennedy, que abusava do álcool desde os 13 anos mas que já está sóbrio há quase seis, decidiu parar de beber em 2009 após a morte do seu pai. Segundo o El País, a toma de medicamentos para a bipolaridade é diária e o método disciplinado para não beber álcool também.

Em 2011 deixou o seu lugar de congressista e conta que no Congresso trocava a água das garrafas por vodka e embalagens de aspirina por opiáceos. Os seus problemas de dependência tornaram-se públicos quando em 2006 embateu com o seu carro contra uma barreira de segurança no Capitólio.

Patrick considera que os vícios e dependência surgiram como forma de reagir aos problemas familiares, dando o exemplo do acidente de carro do seu pai em 1969, que ficou conhecido como o caso de Chappaquiddick. Tudo aconteceu em 1969 e envolveu Ted Kennedy e a sua secretária da altura, Mary Jo Kopechne. Conta-se que Ted Kennedy voltava de uma festa, alcoolizado, acompanhado da secretária, quando o carro derrapou e caiu de uma ponte. Ted conseguiu salvar-se, mas Mary Jo Kopechne morreu afogada. Ted Kennedy não terá comunicado o acidente de imediato às autoridades, tendo inclusive abandonado o local.

Patrick conta que o seu pai nunca lhe contou a sua versão do sucedido e que esse silêncio esteve na origem dos seus impulsos para beber álcool. Apesar da situação de dependência, acredita que o seu pai padecia de algum tipo de desordem pós-traumática, depois dos assassinatos dos seus irmãos, John e Bobby Kennedy.

Patrick conta na entrevista à CBS que sente que a sua doença é crónica e sem cura.

” Eu sou um dependente e sempre serei. Mas sou um dependente em recuperação. Eu conto os dias. É um dia de cada vez”.

Os Kennedy são uma das famílias mais ricas e mediáticas dos Estados Unidos, mas a verdade é que os casos de acidentes, assassinatos e suicídios parecem assombrar o clã. 

Um dos primeiros incidentes aconteceu em 1948, quando uma das irmãs Kennedy, Kathleen, morreu num acidente de avião. Depois, o assassinato do presidente John F. Kennedy, em 1963. A partir daí os dissabores não pararam, numa espécie de maldição que se abateu sobre a família.

Em 1968 o irmão de John F. Kennedy, Bobby, foi assassinado. Um dos filhos de Bobby (Robert F. Kennedy) morreu em 1984 por overdose e um outro filho em 1997 num acidente de esqui. Ainda em 1999, a morte do filho de John F. Kennedy e Jackie Kennedy, John John, na queda de um avião que ele pilotava e que vitimou ainda a sua mulher, Carolyn Bessette, e a cunhada, Lauren. Um drama ainda mais recente é o de 2012, com o suicídio de Mary Richardson Kennedy, a segunda mulher de Robert Kennedy Jr., sobrinho do presidente John F. Kennedy.

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O historial da família é longo e a lista de livros também. As histórias do clã preencheram muitas páginas de jornais e de livros, numa tentativa de explicar os segredos dos Kennedy. Deixamos-lhe aqui alguns:

1- ” Killing Kennedy: The End of Camelot”, de Bill O’Reilly.

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2- “The Kennedys: an American Drama”, de Petter Collier e David Horowitz.

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3- “The Kennedy Women: the saga of an American Family”, de Laurence Leamer.

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4- “Once Upon a Secret”, de Mimi Alford.

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5- “The Kennedy Detail: JKF’s secret service agents break their silence”, de Gerald Blaine e Lisa McCubbin.

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6- “Brothers: the hidden history of the Kennedy years”, de David Talbot

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7- “Listening In: the secret White House recordings of John F. Kennedy”, de Ted Widmer.

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8- “The Assassination of Robert F. Kennedy”, de William Turner e John Christian.

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