Hélia Correia, distinguida este ano com o Prémio Camões, é uma das escritoras cujos direitos de publicação vão ser negociados na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, o maior encontro anual do mercado editorial, que começa na quarta-feira.

Em declarações à Lusa, Francisco Vale, editor da Relógio d’Água, afirmou que vai a Frankfurt “negociar direitos de alguns autores” que publica, nomeadamente Hélia Correia, José Gil, José Cardoso Pires e António Barreto.

De Hélia Correia, a editora tem no seu catálogo, entre outros, os títulos “Montedemo”, “O número dos vivos” e “Soma”.

José Cardoso Pires (1925-1998) é um dos autores cujos títulos, por decisão dos herdeiros, passaram para esta editora, que publicou recentemente os romances “Balada da praia dos cães”, com prefácio de António Lobo Antunes, e “O delfim”, com um texto de Gonçalo M. Tavares, assim como a novela “O anjo ancorado”, prefaciado por Mário de Carvalho.

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A Relógio d’Água tem também “vários autores [estrangeiros] alvo”, na Feira do Livro Frankfurt, mas Francisco Vale não adiantou quais, tendo todavia afastado o nome de Svetlana Alexievitch, distinguida este ano com o Nobel da Literatura, que já tem títulos anunciados em duas editoras em Portugal.

A Paulinas Editora vai apresentar, no seu pavilhão em Frankfurt, “a nova geração de autores espirituais” de Portugal, designadamente José Tolentino Mendonça, Gabriel Magalhães, José Frazão Correia, Carlos Maria Antunes, João Duque e Alexandre Palma, autores do seu catálogos internacional, já editados além-fronteiras, e alguns com vendas na ordem dos 25.000 exemplares, segundo fonte editorial.

O silêncio quanto aos “negócios de Frankfurt” é, no entanto, preponderante na maioria das editoras ou grupos editoriais contactados pela agência Lusa.

“Sendo a Feira de Frankfurt uma feira de negócios, não nos faz muito sentido prestar declarações antecipadamente, justificando-se a nosso ver algum sigilo”, disse à Lusa fonte do grupo Bertrand/Círculo.

Simona Cattabiani, da editora Jacarandá, do grupo Editorial Presença, não deu quaisquer pormenores e limitou-se a afirmar: “Neste momento os autores são muitos e estou em plena leitura”.

Guilherme Valente, da Gradiva, afirmou à Lusa que a sua editora “vai assegurando durante o ano o que se integra no seu catálogo e o número de títulos adequado para cada período”.

“Temos, felizmente, uma dimensão de iate, que nos permite navegar de acordo com a meteorologia, abrigar no mais pequeno porto, sair para o mar em pleno quando o tempo o convida”, afirmou.

A Gradiva tem o programa editorial para 2016 “pronto, apenas com espaço para o muito bom e oportuno que nos vai sendo oferecido, porque somos uma editora com a qual os editores estrangeiros, agentes e autores gostam de trabalhar”.

Quanto à venda de direitos de autores portugueses que publicam, Guilherme Valente afirmou à Lusa que “é um trabalho de todo o ano, sempre a ser realizado, diretamente ou através de subagentes”.

“Neste registo, a Gradiva faz um trabalho muito bem-sucedido, conseguimos mesmo colocar autores portugueses de ciência em países estrangeiros, que têm uma produção significativa na área e em que os originais norte-americanos têm, claro, uma presença esmagadora”, acrescentou.

Algumas editoras, como a Bizâncio, optaram por não ir a Frankfurt, e outras editoras contactadas pela Lusa não fizeram qualquer comentário, designadamente os grupos Babel – que inclui, entre outras, as editoras Verbo e Ulisseia -, Porto Editora, do qual fazem parte, entre outras, a Sextante e a Assírio & Alvim, assim como as editoras Alêtheia, Editorial Presença, 2020 e o grupo LeYa, que integra cerca de 20 chancelas, nomeadamente a Editorial Caminho e as Publicações D. Quixote.