O teste pode ser feito entre um grupo de amigos, sejam de que sexo for. Se se perguntar qual seria a sua reação se fossem traídos, os primeiros a responder dizem logo, muito perentoriamente, “traição não tem perdão”. Mas depois há os que ponderam e optam por dizer “depende”, sendo que todas as pessoas que defendem o “cada caso é um caso” — mesmo os casos extra-conjugais — têm uma razão diferente.

Com perdão ou sem perdão, com atenuantes ou sem atenuantes, a verdade é que um novo estudo feito na Noruega concluiu que homens e mulheres reagem de forma diferente à traição. Enquanto os homens ficam extremamente ciumentos devido à parte física (sexo), as mulheres tendem a ficar mais ciumentas quando o seu parceiro tem um “caso emocional”. Para as mulheres, a criação de laços emocionais com alguém fora da relação é muito pior do que se os seus parceiros tiverem relações sexuais.

Podem-se tentar encontrar razões para justificar os resultados, quer num sexo, quer noutro. No caso dos homens, a resposta pode estar na evolução e, claro, na procriação. Desde os primórdios — muito antes de haver testes de paternidade — que os homens vivem atormentados em saber se as crianças são realmente suas. Por isso é que na cabeça do sexo masculino a infidelidade física é pior do que a emocional — há a probabilidade dessa infidelidade resultar numa criança. Os anos passaram, é um facto, mas o ser humano continua a ser produto de um padrão evolucionista que existe para manter a espécie viva e bem.

Já no caso do sexo feminino, a razão pela qual as mulheres acham pior a infidelidade emocional pode passar pelo facto de dependerem dos recursos que o seu parceiro lhes pode providenciar na educação de um filho. Mais uma vez, a sociedade evoluiu muito e atualmente podemos dizer que tal justificação já não se aplica mas, também neste caso, o padrão evolucionista fala mais alto.

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Mas porque traem as pessoas?

A Bustle reuniu sete razões que vão dos genes à carência:

1. Insatisfação sexual
O sexo é uma parte importante das relações e também é uma das principais causas da traição. As pessoas traem porque não estão a ter a satisfação que querem ou que precisam. Estudos concluíram que 20% das pessoas que traíam fizeram-no porque estavam em “busca de sensações”, o que se pode traduzir pela procura de algo diferente e uma forma de sair da monotonia.

2.  Necessidade de valorização e atenção
Com o passar do tempo e a convivência, os elogios dentro de uma relação tendem a ser mais raros e as pessoas esquecem-se de dar valor ao que têm. É nessas circunstâncias que um dos lados pode achar que vai encontrar noutra pessoa alguém que o valorize e elogie. Ou seja, a necessidade de valorização emocional pode levar a uma traição.

3. Satisfação emocional
As mulheres que traem fazem-no principalmente para preencher uma necessidade emocional que falta nas suas relações. Segundo Helen Fisher, antropóloga biológica, a maioria dos homens (54%) que trai está satisfeita com as suas relações, mas apenas um terço (34%) das mulheres que trai está satisfeito com as relações que tem. Do ponto de vista evolucionista, as mulheres querem sentir uma ligação emocional com o seu parceiro e a intimidade de estar com alguém, não apenas ter relações sexuais com essa pessoa. Por causa disto, quando traem têm maior probabilidade de tornar essa traição numa relação. Raramente é algo passageiro.

4. Vontade de vingança
Por vezes, a traição pode funcionar como vingança de uma traição anterior, uma espécie de pagar na mesma moeda e fazer ao outro o que lhes foi feito primeiro. Escusado será dizer que não resolve nada.

5. Falta de força de vontade
Às vezes as pessoas traem simplesmente porque se proporcionou e elas não se fizeram rogadas. Neste caso específico, e novamente recorrendo a alguns estudos, é mais comum acontecer com os homens do que com as mulheres, porque enquanto elas precisam de se habituar à ideia de trair, eles, supostamente, não. As mulheres pensam no risco que correm ao traírem, já os homens não os calculam tanto.

6. Está no sangue
De acordo com outros estudos, há pessoas que nascem mais inclinadas para trair do que outras. Nestes casos, é uma questão de ter um gene que as torna mais suscetíveis ao risco. A razão por trás deste comportamento deve-se a uma mutação no gene recetor da vasopressina, a hormona responsável pelo comportamento social e a empatia, mutação essa que pode causar mudanças comportamentais nas pessoas.

7. É novidade
De acordo com o psiquiatra Richard A. Friedman, algumas pessoas traem simplesmente porque é uma coisa nova e emocionante. No início deste ano, o psiquiatra escreveu no The New York Times que “trair pode ser intensamente prazeroso porque, entre outras coisas, envolve a novidade e um certo grau de procura de sensações, comportamentos que ativam o circuito de recompensa do cérebro… o que origina não só um sentimento de prazer mas também diz ao cérebro que é uma experiência importante que vale a pena lembrar e repetir.”