As viaturas a diesel viciadas pelo grupo Volkswagen levaram ao aumento, em Portugal, de 0,5 por cento das emissões anuais de óxidos de azoto, gás poluente, estima um centro de investigação da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo os cálculos do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, os veículos envolvidos, em Portugal, no esquema fraudulento do grupo automóvel alemão lançaram para a atmosfera, por ano, mais 807 toneladas de óxidos de azoto (gás formado por outros dois gases, dióxido de azoto e monóxido de azoto).

O centro de investigação avisa, numa análise enviada à Lusa, que o dióxido de azoto tem efeitos na saúde humana, ao aumentar a suscetibilidade das pessoas, sobretudo crianças, a doenças respiratórias, nomeadamente a ataques de asma.

Além disso, do ponto de vista ambiental, o dióxido de azoto “contribui para a acidificação e a eutrofização do solo e da água, conduzindo a alterações na diversidade das espécies”.

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Os cálculos do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa foram feitos com base em dados que constam no mais recente inventário de emissões poluentes, de março, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e em estimativas do ministro da Economia.

Na quinta-feira, Pires de Lima anunciou que existem cerca de 117 mil veículos em Portugal afetados pela fraude cometida pelo grupo Volkswagen a precisarem de ser corrigidos, em termos de “software” e componentes de motores.

As viaturas com motor a diesel das marcas Volkswagen, Audi, Seat e Sköda, todas pertencentes ao grupo alemão, estão equipadas com um dispositivo que permite a manipulação de informação relativa a emissões de gases poluentes, de acordo com resultados de testes conhecidos a 18 de setembro.

O centro de investigação da Universidade Nova de Lisboa estima que, à custa da fraude nos veículos a diesel do grupo Volkswagen, as emissões de óxidos de azoto de todas as viaturas ligeiras em Portugal tenham aumentado, num ano, 2,8 por cento.

Para os seus cálculos, o centro da Universidade Nova de Lisboa socorreu-se da média nacional de quilómetros percorridos anualmente por viatura (19.808) e da estimativa de emissões avançada no âmbito da fraude, recorrendo ao valor mínimo anunciado no curso da investigação ao caso, de dez vezes mais emissões de óxidos de azoto por quilómetro (nalgumas situações, as emissões chegam a ser 40 vezes superiores aos valores indicados).

Foram também tidos em conta o total nacional de veículos a circular em Portugal (cerca de quatro milhões, inventário de março da APA), a caraterização da frota, o tipo de viaturas e dados de fatores de emissão de gases poluentes da Agência Europeia do Ambiente.

O Governo português criou, a 30 de setembro, um grupo de trabalho para assegurar a monitorização das ações decorrentes da fraude da Volkswagen.

O ministro da Economia comprometeu-se a apresentar até ao final de novembro “um calendário mais preciso e detalhado” para a correção dos veículos, ficando todos os custos inerentes a este processo à responsabilidade do grupo automóvel.

Pires de Lima defende que a Volkswagen deve ainda assumir todas as eventuais responsabilidades ambientais e fiscais que possam decorrer do processo.