A premiada designer de interiores Nini Andrade vai concretizar na próxima semana um dos seus sonhos ao abrir o seu primeiro ‘design center’ na Madeira, a terra onde nasceu, instalado num histórico forte na entrada do porto do Funchal.

“Ter um ‘design center’ eu sempre iria ter, porque é o meu projeto de vida”, disse a artista, em declarações à agência Lusa, considerando que “estava destinado” o espaço ficar instalado no Forte de Nossa Senhora da Conceição, num ilhéu conhecido como o ‘Molhe’, ligado à história da Madeira, com uma vista privilegiada sobre a cidade.

A criadora, que tem nos calhaus (as pedras basálticas roladas das praias da ilha) a sua imagem de marca, contou que o centro de design terá elementos que recordam a história da ‘mergulhança’, numa homenagem aos jovens que, noutros tempos, mergulhavam para apanhar as moedas que os turistas nos barcos jogavam para a água.

O projeto, instalado num imóvel classificado como de interesse público, vai dispor de uma loja com bordados, vimes, miniaturas de ‘vapores do cabo’ (navios que passavam na ilha a caminho de África do Sul) e peças feitas por vários designers, além de uma cafetaria e um restaurante, que tem como responsável o chef Miguel Laffan, com uma estrela Michelin, e o chefe pasteleiro francês Damien Hirst.

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“Até ao fim da tarde passa-se tudo lá em baixo. À noite o ateliê vira restaurante”, explicou Nini Andrade, adiantando que o centro inclui igualmente um museu que é “a história de tudo o que se passou” na sua vida, desde os móveis da coleção ‘Garota do Calhau’, em que não falta a premiada cadeira de Cristiano Ronaldo, a quadros, projetos de hotéis e prémios que tem recebido em todo o mundo.

Com o seu característico chapéu branco com uma fita preta, Nini Andrade admite que tinha de começar pela Madeira, mas conta que quer que o projeto cresça para Lisboa rapidamente e, depois, para outras partes do mundo.

“Quero é mesmo é ficar aqui. Agora a minha ideia é trazer os clientes cá para se reunirem cá comigo em vez de eu ter eu de ir lá”, disse, opinando que o projeto “será também uma grande publicidade para a região” e o local “passará a ser um ponto único e obrigatório”.

O centro surgiu por insistência do sobrinho, na sequência de um concurso público lançado pela Administração dos Portos da Madeira (APRAM). Na altura foi noticiado que implicava a cedência dos cerca de 1.500 metros quadrados daquele forte, distribuídos por três pisos, por um período de cinco anos, prorrogado por idêntico período, que teve como preço base de renda mensal os 2.500 euros.

No local vão trabalhar 17 pessoas e o objetivo é também incentivar os jovens que estão a apostar em novos cursos.

Nini Andrade destacou que pretende atingir um “público generalizado”, desde os apreciadores de design e de restaurantes aos que pretendam apenas conhecer um local de onde “se vê a Madeira em 360 graus”, como se fosse “uma vista de um barco”.