Há poucos mais de cinco anos, 33 chilenos estavam a ser resgatados depois de ficarem 69 dias soterrados na mina de San José. Milhões de pessoas seguiam o acontecimento na televisão. Uma delas chamava-se Melanie Meyer: vivia na Alemanha, tinha chegado a casa vinda do trabalho e sentou-se ao lado do filho e da irmã para assistir ao culminar da história que havia marcado aquele verão.

Melanie Meyer apaixonou-se quando viu Daniel Herrera, com 27 anos na altura, a sair da cápsula metálica construída para salvar os trabalhadores chilenos. Nos dias seguintes utilizou as redes sociais para tentar encontrar Daniel. Conseguiu, mas parecia estar longe de o conquistar: o mineiro não respondia à maioria das tentativas de contacto. E quando o fazia era sempre muito vago, conta a BBC.

Do outro lado da linha, Daniel olhava para as conversas com Melanie como um monte de “zeros e uns”. Não acreditava no amor virtual, muito menos naqueles tempos em que os mineiros ocupavam os centros das atenções da comunicação social. Pensava que era apenas mais uma das pessoas que havia seguido a história pelos ecrãs. Mas quando os ânimos acalmaram, Melanie continuou a tentar conversar com Daniel. E isso fez toda a diferença.

As reticências de Daniel transformaram-se em amor com a persistência de Melanie. Encontraram-se no Chile algumas vezes, mas conversavam principalmente por vídeochamadas ou mensagens. Há um ano, o mineiro foi receber a namorada ao aeroporto junto com as televisões e pediu-a em casamento. Ela aceitou, a cerimónia aconteceu num programa de televisão e as teclas do computador deram lugar às alianças. Agora esperam a primeira filha, que vai chamar-se Sofia.

A vida assentou para Daniel, que depois de várias sessões de psicologia conseguiu voltar ao trabalho nas minas. Foi um dos poucos que voltou para debaixo de terra. Vive em Santa Cruz com a nova família e de vez em quando vai até ao museu local e é ele mesmo que apresenta a cápsula metálica aos turistas.

Daniel admite que há momentos que prefere não recordar, mas resignou-se a eles e sabe que graças a elas tem “uma mulher com quem estou a criar uma família”. No entanto, passa grande parte do tempo fora de casa. Melanie não se deixa incomodar: “sabia que como esposa de um mineiro passaríamos tempo separados. Mas preciso desses dias sozinha para mim, os alemães são assim”, explica à BBC.

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