Dois monumentos portugueses “em risco” foram destacados esta sexta-feira pela World Monuments Fund (WMF), na categoria World Monuments Watch. A lista, que tem 50 nomes e foi apresentada esta sexta-feira em Nova Iorque, inclui a Igreja de São Cristóvão (Lisboa) e o Aqueduto Água de Prata (Évora).

Os cinquenta monumentos destacados na lista World Monuments Watch, que inclui edifícios “em risco devido às forças da natureza e/ou ao impacto das alterações sociais, políticas e económicas [no mundo]”, é responsabilidade da World Monuments Fund, fundada em 1965 e descrita no comunicado da Igreja de São Cristóvão como “a maior organização independente dedicada à preservação dos lugares mais importantes do património cultural de todo o mundo”.

A Igreja de São Cristóvão, situada na Mouraria, em Lisboa, é o primeiro edifício religioso nacional a entrar na lista. A Igreja, construída no século XVI, tem um espólio onde se incluem as 35 telas de Bento Coelho da Silveira, um dos mais concentuados pintores portugueses do século XVII. Segundo descreve o site da World Monuments Watch, a Igreja de São Cristóvão, que, ironicamente, “emergiu quase intacta do terramoto lisboeta de 1755”, tem sofrido danos com infiltrações e deterioração do tecto, entre outros problemas. Para além disso, afirma o site, “as pinturas a óleo que cobrem as paredes – escurecidas por anos de poluição e depósitos de cera [que se devem às velas existentes na igreja] – estão necessitadas de conservação urgente para voltarem ao seu esplendor”. Em abril deste ano iniciou-se um projeto de angariação de fundos da paróquia, com o intuito de restaurar a Igreja. Agora, podem-se abrir mais portas para o investimento na paróquia.

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A parte integrante do Aqueduto da Água de Prata que se situa no centro histórico de Évora foi incluída na lista de Património Mundial da UNESCO, em 1986

Por sua vez, o Aqueduto da Água de Prata, situado em Évora, foi inaugurado em 1537, em pleno século XVI. O edifício foi construído para fornecer água potável à fonte de mármore da Praça do Giraldo e a outros espaços públicos da cidade – uma função que manteve durante mais de quatro séculos, até 1979. Atualmente, continua a funcionar na irrigação de parques e jardins de Évora, mas, segundo refere o site da World Monuments Watch, “o tijolo do aqueduto e as bases da construção em pedra exigem manutenção regular, ao passo que outras secções do edifício necessitam de maiores reparos para assegurar a estabilidade da estrutura”. Como curiosidade, fica a nota que até Luís Vaz de Camões escreveu sobre o monumento nos Lusíadas:

Eis a nobre cidade, certo assento
Do rebelde Sertório antiguamente;
Onde ora as águas nítidas de argento,
Vem sustentar de longe a terra, e a gente;
Pelos arcos reaes, que cento e cento
Nos ares se alevantam nobremente;
Obedeceu por meio e ousadia
De Giraldo, que medos não temia

Entre os edifícios portugueses já destacados na lista bienal da World Monuments Watch, que surgiu pela primeira vez em 1996, encontram-se a Vila Romana do Rabaçal, o Vale do Coa, o Teatro Capitólio, o Forte de Nossa Senhora da Graça e a biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra.

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