Afinal, o que se passou para que a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela Sonae à PT falhasse? É isso que os investigadores do Ministério Público responsáveis pela Operação Marquês querem saber. Segundo o Diário de Notícias desta quarta-feira, tanto o atual presidente da Sonae como o anterior foram chamados a prestar esclarecimentos no âmbito do processo que envolve José Sócrates.

Belmiro de Azevedo não foi ouvido, mas o filho Paulo falou ao procurador Rosário Teixeira sobre o que antecedeu a OPA e sobre os contactos que teve com Sócrates, o Grupo Espírito Santo e a Caixa Geral de Depósitos antes da votação em assembleia-geral da PT que decidiu a rejeição da OPA. Na altura, Armando Vara fazia parte do conselho de administração da telefónica, uma vez que era gestor da Caixa, a qual representava os interesses do Estado na PT. A CGD só tinha 5,11% das ações da PT, mas o Estado ainda detinha uma golden share, ou seja, o poder de vetar qualquer negócio à nascença. O então líder da Sonae, Belmiro de Azevedo, foi claro ao apontar o dedo a Sócrates: o “Governo deu instruções” para que a Caixa votasse contra a OPA.

Na altura, enquanto o Governo de Sócrates garantia que não interviria no negócio, Armando Vara afirmava de forma taxativa a jornalistas que a Caixa – que nestes casos deveria receber instruções do Governo – votaria contra.

O Ministério Público considera “relevante” perceber os bastidores de toda esta operação devido aos “intervenientes” em causa, escreve o Diário de Notícias citando uma informação interna do processo. Para lá do ex-primeiro-ministro, as outras personagens desta história são ex-administradores da PT (Zeinal Bava e Henrique Granadeiro) e o ex-ministro e ex-administrador bancário Armando Vara, que além de já ter sido condenado a cinco anos de prisão no âmbito do processo Face Oculta, é suspeito de corrupção na Operação Marquês. Vara esteve em prisão domiciliária até ao início de outubro.

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