A Ellie é uma entrevistadora que ajuda a encontrar sinais de depressão ou de stress pós-traumático. Até aqui tudo normal. O que marca a diferença é que a Ellie é uma entrevistadora virtual e está aliada a um sensor. Esta tecnologia não só está atenta às respostas que as pessoas dão, como também ao tom que utilizam, bem como às expressões faciais e corporais dos entrevistados. Desta forma ajuda a identificar problemas de saúde mental.

Esta máquina funciona com um sistema chamado MultiSense – que usa um algoritmo multi-modal para analisar a expressão facial com base em 68 pontos da face, incluindo as sobrancelhas, os cantos do olho, boca, nariz, entre outros.

Basicamente, a Ellie compara os sorrisos dos entrevistados com um banco de dados constituído por civis e veteranos militares, mede as pausas que surgem durante as respostas, verifica se as pessoas se inclinam para a frente durante a conversa e qual a direção para onde olham, explica o The Guardian. As pessoas com depressão tendem a não pronunciar os sons das vogais claramente porque não movem os músculos da fala como aqueles que não estão deprimidos.

E desta leitura podem resultar informações reveladoras. Olhando para a expressão do nariz e das sobrancelhas de uma pessoa é possível diferenciar um sorriso feliz de um sorriso irritado, por exemplo.

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O objetivo dos autores de Ellie passa por traçar relações entre as expressões faciais e o estado emocional das pessoas deprimidas. Para já, eles já perceberam que as pessoas deprimidas e as pessoas não-deprimidas sorriem com a mesma frequência, mas os sorrisos são diferentes. Desde logo, os sorrisos das pessoas deprimidas duram menos tempo e são menos intensos do que o sorriso das pessoas que não estão deprimidas.

O que interessa agora é o passo seguinte que é “ver como [estas descobertas] estão alinhadas com as normas sociais”. “Muitas vezes, o que nós vemos [no rosto de uma pessoa] é a norma social”, garante Louis-Philippe Morency, professor assistente de Ciências da Computação, em Carnegie Mellon’s School.

O co-criador da Ellie, Morency está animado com a investigação, mas é o primeiro a recomendar cautela, sublinhando que esta tecnologia não é um substituto de um terapeuta real. Ela pode servir de ferramenta de apoio à decisão. Além disso, “ainda é preciso provar que ela funciona”, remata.

“A melhor analogia que dou às pessoas é o exame de sangue”, diz Morency. “Quando um médico humano tem questões sobre os sintomas que um paciente apresenta, vai pedir análises ao sangue. Estes resultados vão ajudar a traçar o diagnóstico da doença. A Ellie [e a análise Multisense] está lá para ajudar” ao diagnóstico, frisou o professor, citado pelo The Guardian.

Os militares norte-americanos financiaram grande parte da investigação sobre leitura de expressões faciais e o Departamento de Defesa está interessado em usar estas ferramentas de reconhecimento facial para tratamento de pessoas que sofrem de stress pós-traumático. Outro dos objetivos antigos do Departamento da Defesa dos EUA é utilizar tais sensores para compreender e prever comportamentos.