Ao contrário do que se possa pensar, a vida moderna não nos rouba horas de sono. Mesmo com televisões e dispositivos móveis que nos permitem estar em permanente contacto com o resto do mundo, os atuais padrões de sono não são assim tão diferentes daqueles dos nossos antepassados. Isto é, pelo menos, o que sugere uma nova investigação que se debruçou sobre três sociedades recoletoras africanas e bolivianas que, segundo se pensa, têm o mesmo tipo de sono natural dos humanos que viveram há mais de 10 mil anos.

Resultados analisados, descobriu-se que, em média, as pessoas destas sociedades ficam acordadas horas depois do pôr do sol, além de que não dormem mais do que quem vive no mundo industrializado (uma média de seis horas e 25 minutos por noite). O estudo divulgado na publicação científica Current Biology sugere que talvez estejamos desnecessariamente obcecados com a quantidade de horas que dormimos e abala a ideia de que a modernidade inerente aos dias de hoje é responsável pela falta de sono das populações, escreve também o Guardian.

Dito isto, o que mais temos de saber antes de pregar olho?

1. O smartphone e o tablet são inimigos do sono

A luz azul presente nos ecrãs destes aparelhos é responsável por travar a produção de melatonina, a hormona que nos faz dormir e ajuda a relaxar. A ideia não é de todo desconhecida, mas, neste caso, é o investigador Richard Hansler, da Universidade John Carroll, que explica que a luz interrompe os ritmos cardíacos naturais do sono, precisamente porque a melatonina é suprimida. Na via das dúvidas, é sempre boa ideia evitar a exposição a fontes intensas de luz meia hora antes de ir dormir.

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2. O sono limpa o cérebro

Foi em setembro de 2014, numa TEDMED (conferência TED dedicada à saúde e medicina) em São Francisco, que o neurocientista Jeff Ilif, da Oregon Health & Science University, revelou que a limpeza do cérebro acontece durante o sono. Já se sabia que o líquido cefalorraquidiano (LCR) protege e nutre o sistema nervoso central e é responsável pela respetiva limpeza, mas só há pouco tempo se descobriu que esse processo decorre durante o sono: “Todos nós dormimos diariamente, mas os nossos cérebros nunca param. Enquanto o nosso corpo está inerte e a nossa mente vagueia pelos sonhos, a maquinaria elegante do cérebro trabalha árdua e silenciosamente na limpeza e manutenção desta máquina incrivelmente complexa.”

3. Há benefícios em dormir sem roupa

Além de aumentar a autoestima, uma vez que dormir nu pode fazer com que se sinta mais confortável com o próprio corpo, a falta de roupa melhora a circulação e a pele também agradece — é à noite que a derme se recompõe das agressões diurnas e inicia o processo de renovação celular. Outros benefícios incluem, por exemplo, a melhoria de intimidade com o parceiro e, consequentemente, a libertação de oxitocina, hormona que é, inclusive, parcialmente responsável pelo orgasmo.

stern-lavenderll_baby-on-bed © Bert Stern

4. Dormir com maquilhagem é assassinar a pele

Não somos nós que o dizemos, antes um cirurgião plástico e especialista em tratamentos de pele, de nome James C. Marotta, que em entrevista à Marie Clarie norte-americana explicou que não limpar o rosto é quase o mesmo que assassinar a pele e dar-lhe um prazo de validade. Isto porque ir dormir sem retirar a base líquida ou compacta, o blush e as sombras é meio caminho andado para um diagnóstico pouco simpático: despigmentação, secura, vermelhidão, acne, aceleramento das rugas e uma contínua exposição da pele aos radicais livres.

circa 1955: A woman rubbing her face with cotton wool to remove make up or apply moisturiser. (Photo by Jacobsen /Three Lions/Getty Images)

© Jacobsen /Three Lions/Getty Imagem

5. Comer melhor é dormir melhor

O senso comum já nos tem vindo a avisar que evitar ingerir hidratos de carbono ou comer pouco antes de ir dormir é sempre uma boa ideia. Afinal, o sono tem um forte impacto na nossa dieta alimentar e vice-versa. É que caso não consigamos digerir a comida, pressupondo que abusámos à hora do jantar, o corpo fica a trabalhar durante a noite, o que pode prejudicar o sono. E quanto mais tarde nos deitarmos, menos descansamos (o que tende a aumentar o apetite no dia seguinte). A isso acrescenta-se que, segundo o El Confidencial, a maioria dos nutricionistas aconselha que apenas 15 a 25% das calorias diárias sejam consumidas à hora de jantar.

6. As horas que devemos dormir por dia varia consoante a idade

Em fevereiro de 2015, escrevíamos que o número de horas que devemos dormir está cientificamente estudado e varia de acordo com a idade. É que dormir muito faz tanto ou mais mal do que dormir pouco — o número adequado de horas é determinante considerando o bem-estar individual e coletivo, pelo que a National Sleep Foundation atualizou o número de horas recomendadas, ao relacionar a necessidade fisiológica do sono com a idade. Por exemplo: uma pessoa entre os 26 e os 64 anos deve dormir entre sete a nove horas. Já dos seis aos 13 aconselha-se de 9 a 11 horas. A partir dos 65, o número volta a reduzir: de sete a oito. 

7. É possível sair da cama em menos de um minuto

Dormindo pouco ou muito, não é preciso recorrer à ciência para dizer que, não raras vezes, é muito complicado sair da cama a horas. Seja porque o despertador se “esqueceu” de tocar uma segunda vez, ou porque lá fora faz frio e o que sabe mesmo bem é estar debaixo dos lençóis. As desculpas são viáveis ao fim de semana e não nos dias úteis, pelo que experimente seguir um destes conselhos para um acordar mais eficaz (e rápido):

  • Ponha o alarme fora do seu alcance (é fácil de adivinhar porquê);
  • Deixe um copo de água na mesa de cabeceira (a imagem transmite, logo ao acordar, uma sensação de frescura, sendo que beber água em jejum é também uma forma saudável de começar o dia);
  • Deixe os estores entreabertos (não vale dormir num quarto completamente às escuras, caso contrário vai ficar com vontade de hibernar e ambos sabemos que isso não é possível);
  • Ponha um alarme não só à hora de acordar, mas também à hora de ir dormir.
Picture taken on October 29, 2010 in Paris of an alarm clock, as Europe moved to winter time at 0100 GMT on October 31, when clocks move back one hour. Clocks change in North America on November 7. AFP PHOTO / JEFF PACHOUD (Photo credit should read JEFF PACHOUD/AFP/Getty Images)

PJEFF PACHOUD/AFP/Getty Images

8. Tanta preocupação porquê? Porque dormir tem vários benefícios

Resumindo: dormir permite um maior equilíbrio no que às hormonas diz respeito e estimula a libertação de endorfinas, responsáveis por melhorar o humor. Além disso, há estudos que estabelecem uma relação direta entre a falta de sono e o aumento de casos de obesidade, diabetes e ataques cardíacos. E, já agora, o sistema imunitário trabalha melhor quando não há horas de sono em falta.