O Festival Internacional de Cinema DocLisboa tem início hoje, com uma programação que questiona o que é o cinema documental, como afirmou a direção, e que é dedicada à realizadora belga Chantal Akerman, que morreu este mês.

O festival, que cumpre 13 anos, abre na Culturgest com o filme “Bella e perduta”, do realizador italiano Pietro Marcello, que chega a Portugal depois de ter passado pela competição do festival de Locarno.

Este ano, o desenho de programação do DocLisboa apresenta algumas alterações, com o desaparecimento da secção “Investigações” e com a inclusão de curtas e longas-metragens numa só competição, repartida apenas entre internacional e portuguesa.

Esta edição contará com mais de 200 filmes, dos quais 43 serão mostrados em estreia mundial. As secções competitivas apresentam filmes “cuja escrita e dispositivos são arriscados, assertivos, mostram uma relação complexa com o real”, como afirmou no final de setembro Cíntia Gil, que reparte a direção do DocLisboa com Davide Oberto e Tiago Afonso.

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Entre os 46 portugueses selecionados estão “A glória de fazer cinema em Portugal”, de Manuel Mozos, que faz parte da competição internacional, “Portugal — Um dia de cada vez”, de Anabela Moreira e João Canijo, e “Vila do Conde espraiada”, de Miguel Clara Vasconcelos, estes dois na competição nacional.

Destaque ainda para a exibição de “No home movie”, o último filme de Chantal Akerman, a realizadora belga que morreu no passado dia 05 de outubro, e para o documentário “I Don’t belong anywhere — Le cinéma de Chantal Akerman”, de Marianne Lambert.

O DocLisboa, que fez uma retrospetiva da obra da realizadora em 2012, dedica-lhe esta edição de 2015.

O festival terá ainda a primeira e mais completa retrospetiva do cinema do realizador sérvio Zelimir Zilnik, de 73 anos, que filmou a desintegração da Jugoslávia e que estará em Lisboa para duas “masterclasses”.

Outra das retrospetivas focar-se-á na relação entre terrorismo e cinema, com filmes feitos desde a década de 1960 até à atualidade, acompanhando diferentes lutas armadas, da esquerda mais radical aos grupos fascistas.

O DocLisboa dará ainda espaço à Grécia, propondo uma dúzia de filmes feitos nos últimos 50 anos e que mostram o modo como os realizadores gregos representam o país, “desde a ditadura dos coronéis até à crise democrática”.

A relação entre cinema e arte, em particular a música, é abordada na secção “Heartbeat”, da qual já tinham sido anunciados alguns filmes, como “Celeste”, de Diogo Varela Silva, e “Porque não sou o Giacometti do século XXI”, de Tiago Pereira. A programação inclui ainda a estreia internacional de “Daft Punk unchained”, de Hervé Martin-­Delpierre.

O festival vai encerrar a 01 de novembro, com “O botão de pérola”, segundo filme de uma trilogia de Patricio Guzmán, depois de “Nostalgia da luz”, que volta a confrontar os chilenos com a sua história, através da temática da água e dos oceanos.

O DocLisboa decorrerá no cinema São Jorge, na Culturgest e na Cinemateca, no Cinema Ideal, no Cinema City Campo Pequeno e no Museu da Electricidade.