Os maus resultados desportivos do Benfica — nomeadamente a derrota por 0-3 com o Sporting na Luz no último domingo — deu origem a críticas entre antigos e atuais dirigentes destacados do clube da Luz. Também têm sido lançados recados contra a tão falada estrutura. A disputa tem sido alimentada entre o Sporting e o Benfica desde o verão quente em que Jorge Jesus trocou a Luz por Alvalade.

Na segunda-feira à noite, no programa Dia Seguinte da SIC Notícias, o vice-presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, admitiu que há uma “guerra sem quartel entre Jorge Jesus e a estrutura do Benfica” e referiu que o treinador “ganhou a primeira batalha, esmagou na segunda e, ironia do destino, vem já aí a terceira”. Esta última, leia-se, é o Sporting-Benfica da Taça de Portugal, marcado para 22 de novembro.

Jorge Jesus quer provar que a estrutura do Benfica não existia. [Quer provar que] existia ele, que tinha umas pessoas que lá andavam e que se serviam da sua própria estratégia. A estrutura do Benfica quer provar provavelmente que existia.”

Na análise a esta “guerra sem quartel”, Rui Gomes da Silva sublinhou que para Jorge Jesus vencer basta que o Benfica perca. “Jorge Jesus não precisa de ganhar, porque se a estrutura do Benfica perder, Jorge Jesus ganha. Ganha ele e o Porto”, disse o dirigente benfiquista.

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E foi aqui que as críticas de Rui Gomes da Silva surgiram: “Há aqui um erro de base, não é tanto a estrutura, não é tanto a competência, mas é a postura. Neste momento, o grande problema do Benfica é um aburguesamento da estrutura, não tanto da sua competência mas da sua postura”.

O ex-ministro dos Assuntos Parlamentares de Pedro Santana Lopes deixa o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, fora deste baralho, mas deixou uma mensagem que pode ser considerada como pouco favorável ao treinador do encarnados, Rui Vitória: “Acho que um treinador novo que chega ao Benfica depois de Jorge Jesus, tem de ser alguém que se confirme pela frontalidade”.

Fernando Tavares: primeira linha de gestão “apodreceu”

Estas declarações de Rui Gomes da Silva surgem menos de uma semana depois de o ex-vice-presidente do Benfica Fernando Tavares ter escrito um texto no seu perfil de Facebook em que referia que Luís Filipe Vieira devia mudar a estrutura em seu torno, referindo, com o passar do tempo, é normal que esta “apodreça”.

Quando um líder está muito tempo no poder é natural que a sua primeira linha de gestão “apodreça” e ganhe vícios irreversíveis. Por essa razão considero que a mudança de paradigma do futebol, com a contratação de Rui Vitória, tem que ser igualmente acompanhada por uma renovação da gestão que apoia Luís Filipe Vieira. Refiro-me à estrutura profissional de primeira linha e aos órgãos eleitos.”

Para Fernando Tavares, “alguns destes elementos da estrutura (…) estão a empurrar o Benfica para uma guerra estúpida (…) para fazer um ajuste de contas com Jorge Jesus”. Ajuste de contas esse que no qual duvida “que o Presidente do Benfica se reveja”. O antigo dirigente benfiquista disse antes que esta “clima de guerra” é obra de “profetas da desgraça, aos quais se juntam os incendiários dos programas desportivos de segunda-feira à noite”.

“São estes inqualificáveis, em nome da revolta que esconderam durante dois anos e após a renovação com Jorge Jesus, que estão a sujeitar o Benfica a um conflito absolutamente desnecessário. São conduzidos por uma vingança pessoal.”

Nesse post, Fernando Tavares sublinhou ainda que saiu da direção do Benfica em desacordo não com Luís Filipe Vieira mas “acima de tudo contra aqueles que hipocritamente sempre o criticaram e agora estão com ele, como Rui gomes da Silva, José Eduardo Moniz e João Varandas e que foram para o Benfica numa perspetiva de obter o poder por dentro. Sei exatamente do que falo. Não me contaram. Vivi as experiências”.