A China vai construir aquele que será o maior acelerador de partículas do mundo, com pelo menos o dobro do tamanho do acelerador europeu do CERN, noticiou a imprensa local, citando um alto responsável.

O “plano concetual final” da estrutura ficará concluído no final de 2016, assegurou o diretor do Instituto de Física de Altas Energias chinês, Wang Yifang, em declarações ao jornal China Daily.

A construção do acelerador começará entre 2020 e 2025 e permitirá aos cientistas perceberem o funcionamento do Universo.

Se a projeto chinês for concretizado, o acelerador terá pelo menos o dobro do tamanho do Grande Colisionador de Hadrões (LHC, na sigla inglesa) da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear/CERN, da qual Portugal faz parte.

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O acelerador chinês poderá, segundo Pequim, gerar sete vezes mais energia do que o LHC, o até agora maior acelerador do mundo, e produzir, a uma escala inédita, milhões de partículas elementares da matéria.

“O LHC gera bosões de Higgs com outras numerosas partículas, [enquanto a nossa futura instalação] criará um ambiente extremamente puro, que só produz bosões de Higgs”, destacou Wang Yifang.

O projeto chinês começou a ser idealizado em 2013, depois da descoberta do bosão de Higgs, a chamada “partícula de Deus”, partícula elementar da estrutura fundamental da matéria, que valeu o Prémio Nobel da Física à dupla François Englert e Peter Higgs.

A cidade portuária de Qinhuangdao, no nordeste da China, é apontada pelo diretor do Instituto de Física de Altas Energias chinês como o local adequado para a instalação do acelerador.

“É uma máquina para o mundo e [criada] pelo mundo: não é uma [máquina] chinesa”, frisou Wang Yifang, realçando a participação de físicos estrangeiros no projeto.

As pretensões chinesas são conhecidas no dia em que o CERN emitiu um comunicado a dar conta de uma reunião, esta semana, que juntou mais de 200 cientistas e engenheiros para fazer o ponto da situação do projeto LHC de alta luminosidade, que visa aumentar, a partir de 2025, o potencial de descobertas do LHC.

Após quatro anos de estudos de conceção, o projeto entrou na segunda fase, que inclui o desenvolvimento de protótipos industriais para diferentes partes que compõem o acelerador, um túnel circular de 27 quilómetros localizado no subsolo, na fronteira franco-suíça.

De acordo com o CERN, o LHC de alta luminosidade permitirá produzir dez vezes mais colisões, fornecendo “medidas mais precisas sobre as partículas fundamentais”. Nestes termos, os físicos poderão “observar processos raros” inacessíveis com o atual desempenho do acelerador.

O LHC de alta luminosidade estará preparado para produzir anualmente 15 milhões de bosões de Higgs, contra 1,2 milhões de 2011 a 2012.