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  • Do Tondela-Benfica é tudo. Amanhã cá estarei, consigo e como sempre, a narrar-lhe o jogo do Sporting em Alvalade contra o Estoril. O FC Porto na Madeira, com o União, ficará para outro dia, em que o bom tempo ajude. 

    Foi, como sempre o é, um prazer tê-lo aí desse lado. Até mais! 

  • Resumo do jogo

    A águia vinha ferida na asa. Ser derrotado, logo em casa, logo com o Sporting de Jorge Jesus e logo por 3-0, não é derrota que não deixe marcas. Mas há marcas que, sendo negativas, até se podem transformar em algo de bom. E o Benfica fez por ter uma noite boa, cedo.

    Logo aos 4′ minutos, Gaitán e Jonas, apesar de desgastados por serem eles os abonos deste Benfica há tantos jogos, fizem o que sabem melhor: o argentino cruza, o brasileiro remata. 1-0 de cabeça. Foi o oitavo golo de Jonas na Liga e Gaitán também se mantém lá por cima, mas como o suprassumo das assistências. 

    O Benfica não precisou de acelerar para chegar ao 2-0. Nem de rematar precisou, verdade seja dita. Jonas, sempre ele, cruzou da direita — onde foi ajudar Clésio, um ponta-de-lança suplente do Benfica B que Rui Vitória quer como lateral dos AA –, a bola ia para Jiménez na área, mas não foi. Berger, sozinho, com tempo para tudo, assustou-se sabe-se lá com o quê, quis aliviar, mas aliviou, em rosca, para o lado errado. 2-0. Autogolo.

    O Benfica só voltou a rematar aos 42′. E terminou a primeira parte com dois remates… e três golos. O terceiro saiu, como não poderia deixar de ser, de Jonas, que desmarcou Gonçalo Guedes, veloz como uma gazela, entre os centrais. O miúdo, a classe e o “descaramento” que ele tem de sobre, fizeram o resto. Rececionou a bola (uma receção orienta, a mais difícil de todas a receções), contornou Cláudio Ramos, o guarda-redes do Tondela, e, baliza à vista e vazia de gente, rematou lá para dentro.

    A segunda parte conta-se numa palavra só: pasmaceira. O Benfica fez o que tinha a fazer na primeira parte e limitou-se a gerir o tempo a seu belo prazer na segunda. E não se lhe pode levar a mal o que fez. É que na terça-feira há jogo com o Galatasaray na Luz, a vitória na Champions vale dinheiro (muito, diga-se) e pode valer o nono ponto do Benfica no grupo. 

    O Tondela esticou-se. Esticou no relvado, e esticou-se, metaforicamente, ao não ter “respeito” ao Benfica. Quase fazia um golaço, de chapéu, logo a abrir, ainda desassossegou os laterais (era pelo veloz Wagner, à esquerda ou à direita, que mais atacava nas alas), e tanto os desassossegou que o estreante Clésio saiu lesionado. Será a maldição de Maxi Pereira (Sílvio é um habitué da enfermaria e Nélson Semedo também por lá anda) ou será a consequência natural de um suplente do Benfica B (que só joga meia dúzia de minutos de quando em vez) andar a correr, para cima e para baixo, durante duas partes? Fica a interrogação. 

    O Benfica estreou Clésio, mas também estreou Rentato Sanches, que, ainda com idade de júnior, tem sido o melhor entre os melhores do Benfica B. Um lugar a meio-campo, ao lado de Samaris, mais jogo menos jogo, vai ser dele. É que o miúdo de tranças é mesmo bom e Rui Vitória não tem medo de apostar nos melhores — tenham lá que idade tenham. Quem não se estreou foi Carcela. Mas joga tão pouco, que vê-lo é sempre novidade para os benfiquistas.

    E foi Carcela que, de canhota, com o jogo em toada de casados contra solteiros, fez o 4-0 e encerrou a contagem. Não se esperava tanto do Benfica. Mas esperava-se bem mais do Tondela. O resultado é justo e fica a certeza de que, mais o Benfica acelerasse, mais golos entrariam na baliza que esta noite foi de Matt Jones e Cláudio Ramos.

    O Benfica tem 15 pontos e é terceiro à condição. O FC Porto está a três e de distância e assim vai continuar — o jogo na Madeira com o União foi adiado. O Sporting está a cinco, mas se os leões vencerem o Estoril amanhã, a vantagem manter-se-á em oito pontos. Seja como for, a asa que voou ferida até Aveiro, não está mais. Mas ainda falta convencer. O jogo com o Galatasaray é à séria e pode dar o mote. 

  • E por fim, Rui Bento, que hoje cedo se viu a perder: “Nós tínhamos delineado este jogo para aproveitar a derrota do Benfica. Mas os golos puseram-nos numa situação muito difícil. Ao intervalo? Quando estamos a perder perante um adversário com a qualidade do Benfica, o que lhe disse foi: ‘Meus amigos, temos que ser mais competentes!’ Mas o caminho é para a frente e há que pensar no próximo jogo. Vai ser uma longa batalha pela permanência.” 

  • Aí está o treinador do Benfica: “Foram três golos logo de início que tornaram as coisas mais fáceis. Na segunda parte é normal que os jogadores giram o resultado. Foi uma boa reação. Mostrámos o nosso profissionalismo. O nosso clube, a nossa grandeza, impõe isso: todos os jogos são para ganhar. Mas era fundamental somar os três pontos logo a abrir a jornada. O Clésio e o Renato Sanches? O Clésio tem estado a trabalho connosco naquela posição e a evoluir. O Renato foi a oportunidade para mais um jovem se estrear no Benfica. Todos os minutos para eles são importantíssimos.” 

  • Cláudio Ramos, que se estreou na Liga a substituir Matt Jones na baliza: “Nós tínhamos uma estratégia. Os dois golos sofridos no início não ajudaram. A equipa tem que levantar a cabeça. As coisas vão melhorar.” Já cá faltava o fait diver do futebolês. Com tanta cabeça levantada, há balneários que mais não são do que pradarias cheias de suricatas. Vem aí Rui Vitória… 

  • Fala Jonas, que fez o oitavo golo na Liga: “Entrámos fortes. O importante é responder [à derrota com o Sporting] a nós mesmos. E é importante voltar ao caminho que traçámos no início da temporada.”

  • Fim de jogo em Aveiro. O Benfica vence por 4-0 sem ter que suar por demais. O resumo do jogo vem já aí. Mas antes, a flash interview

  • Passei mais tempo a falar-lhe de substituições e estatísticas nesta segunda metade do que a narrar-lhe jogadas de perigo. Não é má vontade, acredite. Mas jogadas de perigo, seja do Tondela ou do Benfica, nem vê-las. O Benfica sabe que mais minuto menos minuto vai avolumar a goleada. O Tondela sabe que mais vale não sofrer outro golo do que marcar o golinho da ordem. E assim se avança no cronómetro. Avançar-se em direção à baliza é que nem pensar. O Benfica merece cada golo. E o Tondela, também. Mas lá quem tem sido uma segunda parte de bocejos, lá isso tem. Valeu pela estreia de Sanches e pelo golo de Carcela. 

  • O marroquino com escola de futebol belga estreou-se a marcar contra o Vianense, para a Taça. A estreia a marcar na Liga foi hoje. Tinha pouco mais de 20′ para mostrar serviço, e mostrou. A bola nem sempre lhe chegou. E quando chegava, nem sempre tinha espaço para driblar como gosta. Agora teve. Recebeu a bola de canhota à direita, foi para cima de Tinoco, sempre com a redondinha colada no pé, ameaçou que rematava, uma vez, outra, e à terceira rematou mesmo. O remate, seco e cruzado, passou entre Cláudio Ramos e o poste esquerdo deste. 4-0 para o Benfica. Quem é que ainda se lembrar de domingo passado?

  • Golo do Benfica! 4-0

    Marcou Carcela, de canhota

  • Quem tem BTV (e que antes já tinha a Benfica TV) sabe que Renato Sanches é como o algodão: não engana. Seja nos iniciados, juvenis, júniores ou “B”, anos após ano, sempre a jogar com os mais velhos como se da idade dele fossem.

    Quem é Sanches? Imagine-se Manuel Fernandes, o Manuélélé do Benfica (ganhou o epíteto por ser o dono do meio-campo do Benfica de Camacho como Makélélé o era no meio-campo dos galácticos de Madrid). Renato Sanches é tudo, mas com mais pinta de “10” — não é por acaso que o ídolo do miúdo é Ronaldinho.

    Mais jogo menos jogo, mais mês menos mês, Sanches, ainda com idade de júnior, vai ganhar o seu lugar cativo naquele meio-campo de Vitória. O Benfica B é pequeno demais para o talento dele. E talento é coisa que não abunda no meio-campo dos AA.

    Sai Jonas — mais um que precisa de repousar para a Champions

  • Gaitán não teve uma noite à Gaitán. Jonas, até quando não marca — e hoje marcou cedo –, é útil a procurar jogo e a fazer os restantes jogar. Mas o melhor jogador em campo, até ver, é Samaris. 

  • Sai Gaitán e entra Carcela. O marroquino é prodigioso de técnica, mas uma lesão, quando jogava no Anzhi da Rússia, e uma vida fora do relvado que nem sempre abona a seu favor, fazem dele mais suplente (às vezes nem ao banco vai) do que utilizado neste Benfica. Tem 20′ para mostrar o que vale. Gaitán sai para descansar — e ele bem que precisa de repouso, pois nota-se que (apesar da assistência desta noite para Jonas) ser-se o abono de família do Benfica desde o minuto 1′ do começo da época, cansa e não é pouco. 

  • Os números de Clésio da estreia pela primeira equipa: 

  • O Benfica está enguiçado na lateral direita. Será a maldição de Maxi? Nélson Semedo lesionou-se ao serviço da seleção, Sílvio é um freguês da enfermaria do Seixal, André Almeida tem sido mais médio que defesa e Clésio, que hoje se estreava acabou de sair. Em maca. Má sorte para o moçambicano, que até tinha mostrado dotes a atacar — a defender nem tanto. Entrou Almeida para o lugar. 

  • O número são… como dizer-lhe?, os números. Só isso. E comparar Guedes a Adu (mesmo com todo o hype que o norte-americano granjeou por terras do tio Sam) é como comparar Cristiano Ronaldo com Fábio Paim. OK, Guedes não é Ronaldo — mas potencial não lhe falta. E Adu não é Paim. Se bem que no simulador Football Manager estavam ela por ela. Mas o começo de Guedes no Benfica faz lembrar (nos números, lá está) os de Freddy Adu. 

  • O Benfica entrou em ritmo de treino. É que para a semana há Champions na Luz, contra o Galatasaray, e há que ter os Gaitáns e os Jonas desta vida frescos. Mas isso foi o tónico que o Tondela precisava para tentar, do mal o menos, reduzir os números do placard. Se rematou? Pouco — mas o lance de Tavares foi de encher o olho numa noite de pouco futebol. Agora, ter bola, lá isso tem. E mais que o Benfica. Não sabe o que fazer sempre com ela, mas vai-se chegado mais à frente. E grão a grão… 

  • Uiiiii, o que Hélder Tavares ia fazendo a Júlio César. Tavares é um médio todo-o-terreno, que é mais de destruir do que construir. E a verdade é que não construiu. Mas desmarcou-se bem, foi igualmente bem desmarcado por Lucas Souza, e quando recebeu a bola, entre Sílvio e Luisão — e com o girafa a chegar-se perto –, resolveu fazer uma chapelada a Júlio César. A tentativa foi alta demais, mas os três da vida airada, Sílvio, Luisão e Júlio César, só controlaram o remate com os olhos. E o “12” do Benfica está batido. 

  • Recomeça o jogo. 

  • Não se deixa enganar. É verdade que o Benfica rematou pouco. Também é verdade que o Tondela rematou mais. Mas em tudo o resto, o Benfica foi avassaladoramente superior (70% de posse de bola; 247 passes, quase todos acertados no destino). O Tondela mal sentiu o gosto ao toque da bola. E o pouco que chutou em direção à baliza, mal serviu para Júlio César aquecer nesta fria noite de Aveiro. 

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