Os socialistas que consideram um erro um Governo PS apoiado pelo PCP e BE não vão fazer nenhum apelo para divisões no grupo parlamentar e para que haja deputados a votar contra a moção de rejeição do programa de Governo Passos/Portas desobedecendo a disciplina de voto.
A coligação tem 107 deputados e os partidos de esquerda 122 deputados (PS – 86, BE – 19, PCP – 17). Para a moção de rejeição ser aprovada, bastam 116 votos.
“Não vamos jogar na divisão como é óbvio. Não há liberdade de voto e, portanto, isso só poderia acontecer com uma rutura e não queremos uma rutura numa moção de rejeição do programa ou em moções de confiança”, garantiu ao Observador o ex-deputado do PS Ricardo Gonçalves.
O primeiro encontro, promovido por Francisco Assis para discutir o rumo do PS, será sábado num almoço no centro do país, em princípio, na zona da Mealhada, e nele vão participar também alguns atuais deputados como Eurico Brilhante Dias. O deputado e líder do PS-Santarém, António Gameiro, que depois das eleições defendeu como prioritárias negociações do PS com a maioria PSD/CDS e não com a esquerda, não tenciona ir ao almoço. “O momento presente não é altura para fazer divisões”, disse ao Observador.
A intenção de Assis em dinamizar um grupo de reflexão foi noticiada no sábado pelo Expresso. O eurodeputado pretende que as reuniões sirvam para mostrar ao país que o PS é um partido plural e que há muitas pessoas que não pensam como António Costa. Assis não assume, para já, nenhuma candidatura alternativa ao atual líder. Está ainda em processo de reflexão e só decidirá em definitivo depois das eleições presidenciais em março – o congresso terá lugar de seguida. No entanto, na órbita do eurodeputado há quem não esconda o entusiasmo com essa eventual candidatura. “É fundamental preparar uma alternativa para o próximo Congresso”, defendeu o ex-secretário-geral da UGT, João Proença, ao Público esta segunda-feira, considerando que as reuniões que agora vão ter lugar também sirvam de rampa de lançamento dessa candidatura.
O programa de Governo de Passos/Portas vai ser discutido no Parlamento dias 9 e 10, segunda e terça-feira, sendo que a moção de rejeição será votada no segundo dia. A aprovação de uma moção de rejeição do programa de Governo implica automaticamente a queda do Governo.
A direção socialista espera, então, que o Presidente emposse António Costa, uma vez que não pode haver eleições antecipadas nos primeiros seis meses a contar de umas eleições legislativas.
