Os estragos provocados pelas cheias em várias localidades do Algarve levaram o presidente da Câmara Municipal de Albufeira a pedir uma declaração de calamidade pública para cobrir os prejuízos no espaço urbano. O mau tempo no Algarve causou uma morte. Mas esta não é a primeira vez que uma das cidades mais importantes para o turismo em Portugal sofre as consequências das cheias provocadas pela chuva intensa e pela construção em leitos de rio. Quem o recorda é o jornal Sul Informação.

Uma dessas inundações aconteceu em 1949, no final do mês de novembro. O jornal “O Século” noticiou a tempestade que se abateu em Albufeira, descrevendo que “as águas da ribeira sobrepuseram-se aos dois diques e fizeram levantar alguns cascões da canalização das águas para o mar”. Mas não foi a primeira vez, já que o Diário de Notícias recorda umas cheias de 1948 no final de outubro e nas vésperas de Natal: “Os feirantes que foram atingidos por elevados prejuízos encontram-se albergados em várias casas, postas à sua disposição. Continua a chover e a população está sobressaltada”.

Nesse ano, fez-se contas aos prejuízos e chegou-se a uma perda de 2000 contos (o equivalente a 10 mil euros). Um quarto deste valor dizia respeito às sementeiras perdidas, enquanto o restante fazia referência aos estragos dos comerciantes. Registou-se também a morte de um homem, provavelmente pescador do barco que apareceu a flutuar nas águas no centro da cidade. “É tal a violência do temporal na costa que muitas embarcações têm sido arrastadas para o mar, e estão-se a partir na ressaca contra as rochas da praia. Estabelecimentos comerciais onde a água não tinha entrado em inundações anteriores tiveram agora prejuízos quase totais. Em muitos sítios a água atingiu os primeiros andares, cobrindo completamente as árvores”, contava o Diário de Notícias a 23 de dezembro de 1948.

Em 1956, as cheias voltaram a inundar Albufeira e de novo com origem na ribeira da vila. Em janeiro desse ano, o Diário de Notícias escrevia que a água tinha atingido os três metros de altura e que um dos largos da cidade estava transformado “num pequeno lago”. O jornal escreveu ainda que algumas alfarrobeiras centenárias – típicas daquela região e de raízes fortes – tinham sido arrancadas e que os investimentos feitos depois das inundações de 1948 tinham sido inúteis. Também em 1956 morreu uma mulher.

As imagens destes acontecimentos foram enviadas pelo engenheiro do ambiente e jornalista do Sul Informação Aurélio Nuno Cabrita.

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