Poiares Maduro não acredita num governo à esquerda, que não seja mais do que um “mero acordo para chegar ao poder “, e acena com o medo da “instabilidade”. Em entrevista ao Diário de Notícias esta segunda-feira, o ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, que entrou no Governo de Passos Coelho em 2013, depois da demissão de Miguel Relvas, diz ainda ter “alguma esperança” de que haja um “assomo de responsabilidade no PS” que permita viabilizar o Governo PSD/CDS na Assembleia da República.

“Eu gostaria de pensar que os agentes políticos portugueses – e o PS em particular tem aí uma responsabilidade especial – não colocariam em causa este governo, gerando uma situação de instabilidade no país, desde que não tivessem uma outra alternativa que fosse pelo menos tão estável e coesa como esta que o governo oferece. E não vejo nenhuma perspetiva”, começa por dizer, descartando a possibilidade de uma coligação à esquerda poder garantir a estabilidade governativa necessária a médio ou longo prazo. “Não vejo possibilidade de uma coligação entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista ser alguma coisa mais do que um mero acordo para chegar ao poder”, diz.

Alertando sempre para a “responsabilidade” dos atores políticos, Poiares Maduro, que se prepara para voltar para a Universidade de Florença, afirma que ainda ainda tem “alguma esperança” de que haja um “assomo de responsabilidade no PS que permita viabilizar este governo”. O chumbo do programa de governo na Assembleia da República é dado como certo no próximo dia 10, altura em que PS, PCP e BE deverão apresentar um programa alternativo da esquerda. Juntos, os três partidos formam um total de 122 deputados, mais do que os 116 necessários para aprovar uma moção de rejeição e fazer assim cair o governo no Parlamento. Por isso, se o acordo entre socialistas, bloquistas e comunistas for para a frente, a única maneira de a direita ver o seu programa viabilizado é através de dissidências no Partido Socialista  – há 15 críticos de Costa, os chamados seguristas, na bancada do PS. 

Mas se o governo cair no Parlamento, como se prevê, Poiares Maduro não arrisca o que acontecerá a seguir, limitando-se a dizer que com qualquer uma das soluções (governo de gestão ou governo liderado pelo PS) a “instabilidade” é garantida.

Para o ex-governante, a coligação que venceu as eleições deveria poder governar mesmo com uma maioria relativa no Parlamento, já que, “um governo minoritário por si só não significa instabilidade”. “O que é fundamental é que esse governo minoritário tenha disponibilidade para fazer os compromissos necessários com o PS para garantir essa estabilidade”, diz na mesma entrevista, sublinhando a convergência que existe entre os dois partidos quanto às “regras do jogo da nossa política”, isto é, as metas europeias e compromissos internacionais.

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