Três é a conta ideal para as três mulheres que vivem agora em união civil. A notícia foi conhecida na semana passada e, esta terça-feira, a BBC apresenta mais pormenores. Vivem juntas há três anos e meio num apartamento no Rio de Janeiro. Uma é dentista, outra é empresária e a terceira é gerente administrativa. As duas primeiras têm 32 anos e a última tem 34. 

As mulheres estiveram à conversa com aquele órgão de comunicação social, mas nenhuma quis revelar o nome ou ser fotografada. A justificação: trabalham diretamente com os clientes e “nem sempre as pessoas estão abertas” a relações poliamorosas. Às vezes nem mesmo a família.

Os familiares da dentista e da gerente desconhecem que elas vivem uma relação com duas pessoas. Sabem apenas que têm uma relação homossexual com a empresária. A mãe desta última pediu à filha “um neto” e o desejo chegou ao casal: a empresária planeia engravidar por inseminação artificial. As outras duas querem fazer um tratamento para também poderem amamentar o bebé. 

As mulheres conseguiram formalizar a relação poliamorosa num notário no Rio de Janeiro. O reconhecimento da união destas mulheres baseou-se numa decisão de 2011 do Supremo Tribunal, que permitiu aos notários reconhecerem legalmente as uniões homossexuais. “Estamos a fazer algo histórico, estamos a abrir um precedente”, afirma a gerente administrativa, a mais velha das três, à BBC. 

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Tudo começou de uma forma natural, contam. A empresária e a gerente já estavam juntas há vários anos, quando conheceram a dentista num grupo de fãs de Madonna na internet. O amor surgiu logo a seguir. “Ao princípio (a convivência a três) deu alguns problemas”, conta a empresária à BBC, “não por haver ciúmes, mas mais pela adaptação”. E quando fala em adaptação fala de questões práticas de espaço. A cama de casal que tinham teve de ser substituída por uma maior, estilo japonês, para poderem dormir as três juntas. Em casa dividem as tarefas domésticas e ao fim do dia o trio está reunido para jantar.

As companheiras têm “uma vida social agitada” mas salientam que não participam nos encontros poliamorosos anunciados nas redes sociais, por estarem ligados a aventuras transitórias. “A nossa vida é mais tradicional, valorizamos a fidelidade, a lealdade…”, explica a dentista. 

Há alguns especialistas que garantem que a união oficializada no notário não tem qualquer valor. As três mulheres insistem que têm direitos conjugais. De recordar que esta união poliamorosa acontece num país fortemente católico.

Quanto a mais membros na união poliamorosa, o “não” é consensual. “Tenho amigas que me pedem: ‘Guarda um lugar para mim’, mas não está nos nossos planos”.