O nível de escolaridade das mães influencia os resultados dos filhos na escola, revela o “Atlas da Educação”, um estudo realizado por investigadores da Universidade Nova de Lisboa tendo em conta as notas nos exames nacionais.

É através da análise estatística dos resultados nos exames nacionais do 9.º ano e do secundário, realizados entre 2009 e 2014, que uma equipa do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais desenhou o “Atlas da Educação — Contextos sociais e locais de sucesso e insucesso”.

Tendo em conta as notas dos alunos, os investigadores encontraram um pequeno grupo de fatores socioeconómicos territoriais e de origem social que parecem influenciar os resultados escolares, tal como ter uma mãe com habilitações de nível superior.

“Os concelhos em que há maior proporção de mães dos alunos com habilitações de nível superior, aqueles onde há maior expressão de atividade industrial, e onde há maior peso de centros urbanos e de serviços qualificados são favoráveis a melhores resultados nas provas de exame”, lê-se no documento, que sublinha que a questão dos serviços qualificados só têm impacto nos resultados do secundário.

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Já os concelhos “em que predominam o povoamento rural e a atividade agrícola, aqueles em que há maior incidência de situações de exclusão social, e os que têm maior expressão das atividades de turismo e serviços menos qualificados constituem contextos desfavoráveis às classificações obtidas em exame”, acrescenta o Atlas, sublinhando que este último item — serviços menos qualificados — se aplica apenas aos resultados do 9.º ano.

O “Atlas da Educação” permite conhecer mais de perto as diferentes regiões do país, perceber a evolução em termos de ensino e descobrir que existem grandes diferenças entre municípios que são vizinhos e semelhantes.

O relatório agora divulgado faz parte do projeto “Atlas EPIS 2”, que está a ser desenvolvido desde 2014 e que vai apresentar um mapa nacional do desempenho e potencial de sucesso e insucesso escolar.

Estes resultados serão apresentados por concelho mas também por agrupamento de escolas e poderão ser úteis para conhecer as melhores práticas.

O documento agora divulgado revela ainda que a diferença entre os concelhos com bons e os maus resultados aumentou, já que as regiões onde havia mais dificuldades as notas tenderam a piorar nos últimos seis anos, referem os investigadores que já tinham feito esta análise em 2012 e agora atualizaram os dados.

A boa notícia é que há mais concelhos a registar variações mais favoráveis do que aqueles que registaram quebras nos resultados.

Olhando para os vários mapas que surgem ao longo do relatório percebe-se que as evoluções positivas aconteceram sobretudo nos concelhos do litoral e mais a centro e a norte, segundo o documento pedido pela Associação EPIS — Empresários Pela Inclusão Social.