Um documento oficial emitido pelo Ministério do Interior do Chile reconhece que Pablo Neruda poderá ter sido assassinado. De acordo com o El País, que teve acesso ao documento, o poeta e Prémio Nobel da Literatura não morreu do “cancro da próstata de que sofria”. O mais provável é que a sua morte tenha tido a “intervenção de terceiros”

Pablo Neruda morreu na noite de 23 de setembro de 1973 na Clínica de Santa María, em Santiago, no Chile, onde estava internado. Nesse dia, segundo o documento emitido pelo ministério chileno, o poeta terá recebido uma injeção que terá provocado a sua morte, seis horas depois, e impedido a sua viagem rumo ao México, onde iria liderar um Governo no exílio. O Governo chileno tinha então sofrido um golpe de estado levado a cabo pelo general Augusto Pinochet. 

Apesar de o documento referir que é “altamente provável” que Neruda tenha sido assassinado, Mario Carroza Espinosa, responsável pela investigação, admite que ainda não há certezas de nada, e que só as haverá quando receber o resultado de uma última prova, “revelada em maio”. “Trata-se de uma bactéria, a Staphylococcus aureus, que foi encontrada no corpo do poeta. Porém, estou a recolher antecedentes”, disse o magistrado, citado pelo El País.

“Sempre tivemos em conta essa linha de investigação de que aconteceu algo de estranho nos últimos dias. Neruda tinha cancro, mas não estava moribundo nem numa fase terminal. A 23 de setembro o seu estado de saúde piorou de repente, e morreu em seis horas”, referiu Mario Carroza Espinosa.

Há alguns anos que se coloca a possibilidade de Pablo Neruda ter sido assassinado. Em 2011, Manuel Araya Osorio, assistente do poeta até à sua morte, revelou que Neruda tinha sido assassinado na Clínica de Santa Maria com uma injeção letal. O Partido Comunista apresentou então uma queixa e, dois anos depois, o corpo do poeta foi exumado. A descoberta de substâncias estranhas levou à abertura de um inquérito, que está ainda a decorrer.

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