A Alemanha recuou na sua política de asilo aos sírios, o maior grupo de refugiados, eliminando mesmo o direito a que as famílias se lhes juntem no país, noticiou hoje um diário alemão.

À medida que se prepara para a chegada de cerca de um milhão de requerentes de asilo este ano, a maior economia da Europa reduziu o nível de proteção legal para os sírios, segundo o Frankfurter Allgemeine Zeitung.

As novas medidas implicam que só será concedido aos refugiados sírios um visto de residência de um ano e que já não podem reclamar o direito de reunião com as suas famílias na Alemanha.

“O Departamento Federal para Migração e Refugiados recebeu ordens para dar apenas proteção secundária a refugiados da guerra civil da Síria”, de acordo com um comunicado do ministério do Interior, citado pelo jornal. O ministério não se mostrou disponível para comentar.

A Alemanha tem mantido, até agora, uma política de porta aberta para os sírios que fogem à guerra no seu país, concedendo-lhes “proteção primária” — o mais alto estatuto para os refugiados, que inclui, entre outros benefícios, um visto de residência de três anos e reunificação familiar.

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Perante os conflitos internos no seu Governo de “grande coligação” esquerda-direita, a chanceler Angela Merkel, realizou na quinta-feira conversações de crise com os líderes partidários, nas quais estes acordaram uma série de medidas para trazer mais ordem ao afluxo recorde de migrantes.

Entre as medidas anunciadas numa conferência de imprensa conjunta, estão planos para acelerar os repatriamentos de requerentes de asilo rejeitados a partir de novos polos centrais.

Merkel e os seus parceiros de coligação não falaram de uma mudança de política para os sírios em particular.

O Frankfurter Allgemeine Zeitung cita números oficiais que mostram que a Alemanha recebeu 55.600 pedidos de asilo de cidadãos sírios em agosto. Mais de 38.600 foram aceites, com apenas 53 a receberem “proteção secundária”.

Esta categoria menor equivalia até agora a uma zona legal cinzenta para pessoas cujo estatuto como refugiados ou requerentes de asilo não tivesse ainda sido reconhecido.