A produção industrial da Alemanha derrapou 1,1% em setembro, na comparação com o mês anterior, uma leitura que apanhou os economistas e os investidores desprevenidos. Previa-se uma expansão de cerca de meio ponto percentual. O indicador surpreendente mostra que o abrandamento da China e de outras economias emergentes já está a ter um efeito palpável nas economias europeias.

Dados divulgados esta manhã pelo Ministério da Economia alemão mostram que a produção industrial na maior economia da Europa desceu 1,1%, em termos ajustados, em setembro. Em agosto já tinha havido um declínio – hoje revisto para 0,6% – pelo que os economistas previam para setembro um regresso a terreno positivo para este indicador crucial, que costuma ter alguma volatilidade. Mas isso não aconteceu e, pelo contrário, o ritmo da desaceleração produtiva duplicou.

O indicador está a levar as bolsas europeias a caírem esta sexta-feira, com o índice DAX 30 de Frankfurt a 0,16%. A bolsa portuguesa está, contudo, a subir 0,46%, impulsionada pela Jerónimo Martins – que sobe mais de 4% depois de divulgar resultados trimestrais melhores do que o esperado.

Em comentário ao indicador sobre a produção industrial alemã, Carsten Brzeski escreve que a informação espelha “mais desafios” para a economia europeia. O recuo da produção industrial alemã “reforça as indicações de que o abrandamento da China e dos mercados emergentes estão a deixar uma marca na maior economia europeia”, afirma o economista do banco holandês ING.

O economista acrescenta que este dado pode ser um mau prenúncio sobre aquilo que será a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) na Alemanha no terceiro trimestre. O que parece claro aos olhos de Carsten Brzeski é que “a fraqueza que marcou o verão na indústria alemã é mais grave do que apenas um abrandamento relacionado com o período de férias”.

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