Os serviços secretos alemães “espiaram sistematicamente” países aliados e várias organizações de todo o mundo, noticiou o semanário alemão Der Spiegel.

“O BND (serviços de informações exteriores alemães) espiou sistematicamente ‘amigos’ em todo o mundo, incluindo os Ministérios do Interior dos Estados Unidos, Polónia, Áustria, Dinamarca e Croácia”, afirmou o semanário na edição de sábado, sem apresentar fontes.

Nos últimos meses, o Der Spiegel e outros media alemães tinham divulgado que o BND espiou países aliados por iniciativa própria e a pedido do homólogo norte-americano NSA (agência de segurança dos Estados Unidos).

De acordo com o Der Spiegel, os serviços alemães espiaram, além da delegação norte-americana na União Europeia em Bruxelas e na ONU em Nova Iorque, ou ainda o Ministério das Finanças norte-americano, várias embaixadas estrangeiras na Alemanha, como a dos EUA, França, Reino Unido, Suécia, Portugal, Grécia, Espanha, Itália, Áustria, Suíça e Vaticano.

O BND recorreu a “seletores” (palavras chave, nomes, números de telefone ou de fax) das delegações, explicou o semanário.

As representações diplomáticas não são abrangidas pelo artigo 10 da lei fundamental alemã, que protege os cidadãos alemães de atos de espionagem, acrescentou.

Organizações não-governamentais, como a Oxfam ou o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Genebra, também foram visados pelas atividades do BND, adiantou.

Os serviços secretos alemães tinham já sido acusados de terem colocado sob escuta telefónica, a pedido da NSA, responsáveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, da presidência francesa e da Comissão Europeia.

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No outono de 2013, informações sobre escutas de um telemóvel da chanceler alemã, Angela Merkel, feitas pelos serviços secretos norte-americanos, estiveram na origem de fortes tensões entre Berlim e Washington.

“Espiar amigos não é correto”, afirmou na altura Merkel.

A chancelaria alemã está encarregada de controlar as atividades dos serviços secretos.

No final de outubro, o Governo alemão prometeu reforçar o controlo dos serviços secretos e da cooperação entre o BND e a NSA.