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  • Está feito por hoje. É tudo do FC Porto-V. Setúbal, um jogo que não foi incrível de tão bom futebol que se viu, mas foi incrível de bravura: foi bravo o Vitória a crescer para o dragão e foi bravo o clube da casa, a acreditar que, mesmo falhando tanto, mais tarde ou mais cedo marcaria o golo da vitória. Foi, como sempre o é, um prazer tê-lo desse lado connosco. Mas não se vá já embora. Dê aqui uma espreitadela no LiveBlog do jogo do Sporting em Arouca. É cortesia do Diogo Pombo. Até mais e obrigado! 

  • O resumo do jogo

    Os dragões fizeram o suficiente para vencer. Disso ninguém tenha a menor dúvida. Mas não deixa de ser curioso que, durante a primeira parte, quando mais remataram — ou melhor, quando Aboubakar, sempre ele, rematou à baliza de Raeder de toda a maneira e feitio –, os dragões não fizeram um só golo. No recomeço, tendo rematado menos, não só fizeram um (e Aboubakar bem fez por merecê-lo), mas dois.

    Num e noutro tempo, o FC Porto teve a bola consigo. Não a dava a ninguém que vestisse de branco e verde, com as camisolas listadas na vertical. Rúben Neves, no início, pôs a bola onde quis. Pediam-lha, e ele punha-la lá. Mas Lopetegui tirou-o ao intervalo. Ao treinador espanhol não lhe chegava ver a bola a chegar ao destino. Queria vê-la chegar mais rapidamente. E só tinha um baixinho no banco, careca reluzente, que lhe conseguiria dar isso: André André. Entrou ao intervalo, Rúben ficou sentadinho no banco a assistir, e o FC Porto começou a criar menos, mas a criar com mais certeza.

    E foi dos pés dele, André André, que se iniciou o primeiro golo. Atraiu a si todas as marcações, deixou que Layún cruzasse para a área sem que ninguém o impedisse, e Aboubalar, mais rápido que Semedo, desbloqueou o resultado. Não festejou. É que ele tanto tentou, tanto falhou, que terá sentido que um golo só – e só aos 70′ – foi pouco.

    O Setúbal, que tão boa conta deu de si na primeira parte, quer a defender, com autoridade, quem a sair em contra-ataque, com bola no pé, passes certinhos (até ao último, que falhava quase sempre), desapareceu na segunda. O meio-campo deu o berro de tão cansado, o ataque não tinha quem o alimentasse de bola, e a defesa é que passou por privações.

    O FC Porto fez o segundo golo, num tiraço de Layún. Mas só o fez depois de muito cruzar para a área — sem que ninguém desviasse para golo, contudo. Quando o cruzamento saiu mal, sem sentido, sem ir sequer ir na direção de Aboubakar ou Osvaldo, foi quando o mexicano, de fora da área, e aproveitando um falhanço geral de parte a parte, arrumou com o jogo.

    O FC Porto venceu, afastou-se do Benfica, que jogou antes, e chegou-se à frente, ao Sporting, que só jogaria depois. O Vitória de Setúbal — e elogie-se quem deve ser elogiado –, a jogar assim, sem medo, olhos nos olhos com quem lhe é historicamente maior, vai subir e muito na tabela – quem sabe com um olhinho nos lugares europeus. 

  • Por fim, Quim Machado, o treinador do V. Setúbal: “Nós tínhamos dito que ia-mos tentar não fugir à nossa identidade ofensiva. O que fizemos na primeira parte foi bom. Sete ou oito dos meus jogadores nunca tinham jogado no Dragão. Na segunda parte, com o desgaste, com o Porto a aumentar o ritmo, não foi possível fazer mais. Mas quero dar os parabéns aos meus jogadores.”

  • Fala Julen Lopetegui: “O Setúbal não me surpreendeu. É uma boa equipa, com bons jogadores, fizeram um grande jogo e nós demorámos muito tempo a aproveitar as muitas ocasiões de golo que tivemos. Na segunda parte fizemos o mesmo que na primeira, fomos muito rápidos, tivemos muito a bola, mas conseguimos marcar. A equipa teve uma mentalidade muito boa, muito forte, com o apoio dos adeptos, para conseguir não desanimar quando os golos não entravam.” 

  • Agora o capitão sadino, Frederico Venâncio, a ostentar um farto bigode a lembrar outras décadas: “Vínhamos com coragem. Não viemos para defender. Tivemos oportunidades, mas não marcámos. O Porto na segunda parte pressionou-nos e marcou dois grandes golos. O primeiro passe saía bem, tentávamos fazer o contra-ataque, mas falhou o resto.”

  • Eis Layún: “Foi um jogo de sonho, com uma assistência e um golo. Estou feliz por estar aqui. E só posso retribuir entregando-me ao jogo. O Setúbal veio para jogar, tem bons jogados, e o jogo foi aberto. É bom jogar contra equipas que vêm para disputar o jogo, para fazer golos. Benfica e Sporting? Só temos é que ganhar os nossos jogos. A história do clube assim obriga.”

  • Fim de jogo no Dragão. Vem aí a flash interview. A seguir, o resumo do jogo. 

  • E que belíssima jogada que foi. Os primeiros metros, galgou-os Imbula. Nem sempre os galgou bem, ia perdendo a bola várias vezes, mas a força do francês é tanta, que os ressaltos eram todos dele. Quando não tinha mais ninguém por diante no meio-campo, desmarcou Tello na direita, que, ao contrário de Imbula, não quis prender-se à bola, e deixou-a para que Maxi a cruzasse. Maxi cruzou, ninguém chegou, o passe atravessou toda a área, e foi ter com Layún, fora dela. O mexicano, livre para rematar, rematou mesmo, cruzado, na direção do poste direito, e Raeder não teve hipóteses de defesa, tão forte que o tiraço foi. 2-0. 

  • GOLO! 2-0 para o FC Porto!

    Marcou Layún! 

  • Quis rematar ou cruzar? Não lhe sei dizer. Nem Uli Dávila, emprestado pelo Chelsea do sadino Mourinho ao clube da terra, deixou Maxi Pereira feito num oito, ultrapassou o uruguaio na linha de fundo, avançou para a área, e quando Marcano se chegou a ele, chutou — ou terá cruzado? — para defesa de Casillas. Suk estava ao segundo poste, com Martins Indi nas costas, prontinho a desviar. Mas a defesa de Casillas atirou a bola para longe dali. 

  • André André queria cruzar para a área. Estavam lá Osvaldo, Aboubakar e Tello, tudo de braço no ar, tudo a dizer, cruza para cá, que eu resolvo! Mas André, descaído sobre a esquerda, marcado em cima por Gorupec e Venâncio, não tinha como cruzar. Ergueu a cabeça, viu Layún, e percebeu que o mexicano, ao contrário dele, podia cruzar. Dito e feito. Cruzou, Aboubakar adiantou-se a Semedo no miolo da área, e cabeceou para o 1-0, com calma e classe. Ele tentou muito na primeira parte e não conseguiu. Agora que andava mais longe do golo, fê-lo mesmo. 

  • Aí está o 1-0 para o FC Porto!

    Marcou Aboubakar! 

  • Brahimi tem andado meio desaparecido. Ele em Israel não ficou, por certo, pois nem para lá viajou no jogo da Champions. Mas no Dragão também não se viu na primeira parta — e na segunda, idem. Apareceu agora, a driblar, como ele gosta e onde é useiro e veseiro, da esquerda para dentro, até que surja uma nesga para chutar. Lá surgiu a nesga, lá chutou Brahimi, mas o remate, em arco, foi por cima.

  • Goooloo! — gritou-se, a plenos pulmões, no Estádio do Dragão. Só que… não. Não foi. Maxi cruzou para área, Rúben Semedo saltou ao primeiro poste, mas falhou o corte, e a bola foi ter com Aboubakar, que rematou lá para dentro, para o 1-0. Mas a verdade é que a falha de Semedo, pela qual nem o camaronês esperaria, fez com a bola fosse direitinha ao braço de Aboubakar. E se se ajeita com o braço, já se sabe: o golo que se segue é nulo. 

  • Sai Evandro e entra Osvaldo. A verdade é que Danilo e André André, sozinhos, dão conta do recado a meio. E Aboubakar, algo apagado desde o recomeço, só tem a ganhar se tiver um ponta-de-lança mais fixo a seu lado. É esperar para ver o que Osvaldo vem trazer ao jogo. Suspiros no mulherio que foi ao Dragão, isso ele consegue sempre. 

  • O que o Vitória fazia bem na primeira parte, deixou de fazê-lo na segunda. Há alguma precipitação, sobretudo a meio-campo e sobretudo nas botas de Ruca, o canhoto adaptado de lateral a médio-interior. Os passes têm demorado muito a sair, a linha de meio campo e a ofensiva estão demasiado afastadas, os extremos (Costinha e Claro) não abrem uma só linha de passe na ala, e assim fica mais complicado para o V. Setúbal criar perigo. E se não cria, o FC Porto cresce. 

  • Há mais FC Porto — ainda mais — do que na primeira parte? Sim, há. Mas nem por isso há mais remates. Aliás, na direção da baliza ainda não se viu um só. Lopetegui tem alguns “desbloqueadores” a aquecer: Jesús Corona, Silvestre Varela e Dani Osvaldo, que regressou à convocatória depois de debelar uma lesão. 

  • O FC Porto entrou muito, muito intenso. O V. Setúbal ainda não conseguiu sair do seu meio-campo defensivo. André André, que substituiu Rúben Neves neste recomeço, é, talvez, o grande culpado. Ele não tem a visão de jogo, à distância, de Rúben. Não põe a bola onde quer com passes teleguiados a 30 metros de distância. Nem precisa. O jogo dele é curto, sobretudo curto, mas é veloz. E com a velocidade dele, aumenta a velocidade de todo o futebol dos dragões. Mais: com o baixinho em campo, com a careca a reluzir, as marcações dos setubalenses andam de candeias às avessas. 

  • Aí está a segunda parte… 

  • Resumo da primeira parte

    No Estádio do Dragão o FC Porto é dono e senhor da bola. É isso que Lopetegui exige. E é isso que os dragões no relvado lhe dão quase, quase sempre. Hoje não foi exceção. Mas Lopetegui, até Aboubakar começar a mostrar ao que veio (já lá vamos, ao camaronês), não estava nada contente com o que via. É que na hora de travar o carrossel (o FC Porto circula a bola como poucos o fazem na Europa e que ninguém o faz cá no burgo) e chutar para golo, não se via um só remate que incomodasse Raeder. Não se via, até que Aboubakar deu início ao seu duelo muito particular com o guarda-redes alemão do Vitória de Setúbal. Ele chutou, uma e outra vez, mas quando não era Raeder a defender, era a mira que se mostrava torta. Foi sobretudo ele, quase sempre a passe de Evandro ou Rúben Neves, quem criou perigo.

    O Vitória de Quim Machado, como é comum no ADN dos clubes que Quim treina, não veio ao Dragão para defender o pontinho. O Vítoria não toca na bola tanto como desejaria, é verdade, mas quando a tem em sua posse, sabe o que fazer com ele, sem tremideira nanas botas. André Horta é quem a faz girar, de pé para pé, sempre com certeza. O outro André, o Claro, é quem dá velocidade às transições ofensivas. O problema, até ver, não está na atitude, não está na qualidade dos sadinos, está no último passe. E quando não é um portista que a corta, é o passe que sai com força a mais. Suk está lá, desesperado, de braço no ar, para recebê-la e tentar o golo. Mas sem a bola, o coreano, que é talentoso e tem um remate que deixa as luvas a arder a qualquer guarda-redes, não faz milagres. Que venha a segunda parte. 

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