O setor da construção registou até junho a primeira variação semestral positiva desde 2007, com a inversão da tendência recessiva dos indicadores de investimento e do valor acrescentado bruto, revela hoje a análise de conjuntura setorial.

Segundo a análise de conjuntura de outubro da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP), no segundo trimestre de 2015, estes dois indicadores – que medem a evolução da procura e da produção – registaram, pela segunda vez consecutiva, uma variação homóloga positiva, de 1,0% e 1,5%, respetivamente, “o que já não acontecia desde 2007”.

“Neste contexto, não admira que os empresários do setor se sentissem mais otimistas em junho de 2015 do que em igual período de 2014, o que se traduziu em evoluções positivas dos indicadores relativos ao nível de confiança (16,3%), nível de atividade (13,3%), carteira de encomendas (37,5%) e situação financeira (4,0%)”, refere a federação.

Para esse sentimento, acrescenta, terão também contribuído os aumentos, durante o primeiro semestre, de 31,4% no número de habitações transacionadas e de 58,6%, para 1.665 milhões de euros, do crédito à aquisição de habitação, com a evolução do valor médio da avaliação bancária das habitações a subir 2,4%, mais nos apartamentos (2,9%) do que nas moradias (1,8%).

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Por outro lado, também o emprego assegurado pelo setor da construção registou, no segundo trimestre de 2015, um aumento homólogo de 4,8%, traduzido a recuperação de 12.800 postos de trabalho face aos 264.800 existentes em igual período de 2014.

Paralelamente, o número de desempregados na construção manteve uma trajetória descendente, apresentando um recuo homólogo de 21,3% em junho.

Ainda assim, o crédito concedido às empresas de construção manteve a tendência de redução, com uma quebra homóloga de 10,9% em junho, continuando o malparado a aumentar para uma quota já correspondente a 32% do crédito concedido ao setor.

De acordo com a FEPICOP, se o segmento da habitação revelou “maior dinamismo”, o das obras públicas continuou a protagonizar “quedas significativas” no primeiro semestre, com as obras licenciadas a registarem uma quebra homóloga de 4,2%, para um total de 7.579 obras.

Até junho, se as licenças de construção nova (63,4% do total) subiram 5,8% no período, já as licenças de reabilitação desceram 17,7%.

Na habitação, as licenças de construção nova subiram 16,2%, o número de fogos licenciados cresceu 19,5% e a reabilitação teve uma quebra homóloga de 11,8%,enquanto no segmento não residencial as quebras verificaram-se tanto na construção nova (-8,0%) como na reabilitação (-22,9%) e na área licenciada, que caiu 6,2%, ou seja, menos 62 mil metros quadrados do que em igual período do ano anterior.

No total, entre janeiro e junho de 2015, foram celebrados mais 924 contratos de obras públicas do que no período homólogo, mas o valor total dos 6.578 contratos celebrados recuou 35%, para 517 milhões de euros, caindo em média o valor de cada contrato 44%, de 141 mil para 79 mil euros.

Quanto aos concursos promovidos, apresentaram no mesmo período uma diminuição de 38% em valor (menos 349 milhões de euros), apesar de em número terem aumentado 6%.