Já se presumia que os primeiros humanos a pisar o continente Americano o tivessem feito há cerca de 15 mil anos. Mas a descoberta foi agora confirmada a partir do ADN de um rapaz de 7 anos, sacrificado aos deuses pelos Incas há mais de cinco séculos.

Os seus ossos foram descobertos há 30 anos no monte Aconcágua, localizado na atual Argentina. O rapaz, que foi morto há cerca de 500 anos, terá sido levado pelos Incas até uma altura de 5 mil e 300 metros, onde se presume ter sido assassinado com uma pancada na cabeça. Terá sido mais uma oferta dos Incas ao Deus Sol. Presume-se que a criança foi escolhida como sacrifício humano devido à sua beleza e ao facto de ser saudável.

Os seus restos mortais foram encontrados há 30 anos, em 1985, por cinco alpinistas argentinos. Agora, foram revelados os resultados do estudo feito ao seu ADN, realizado por uma equipa liderada por Antonio Salas, um especialista em genética da Universidade de Santiago de Compostela. O estudo foi publicado esta quinta-feira, na revista Scientific Reports. Segundo os investigadores, é a primeira vez em que uma equipa de investigadores consegue ler o ADN mitocondrial de uma múmia americana.

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A equipa de investigadores comparou o ADN com uma base de dados de 28 mil genomas. Os resultados mostram que o rapaz pertencia a uma linhagem familiar formada há 14 mil e 300 anos, que hoje se encontra extinta. Mas mais importante ainda: o ADN extraído de um pequeno pedaço do pulmão da múmia permitiu confirmar os últimos estudos genéticos feitos com americanos atuais e com esqueletos ancestrais, que sugerem que os primeiros humanos a pisar a América o fizeram há 15 mil anos, vindos da Sibéria.

“A linhagem do rapaz [iniciada há 14 mil e 500 anos] entrou pelo norte da América, evoluiu e desapareceu, o que não surpreende, já que a maioria dos Incas morreu devido ao contacto com os europeus, que lhes provocou doenças como o sarampo, a gripe, a varíola ou a difteria”, explica Antonio Salas, citado pelo jornal El País.

No passado mês de julho, outro estudo, liderado por Eske Willerslev, da Universidade de Copenhaga (Dianamarca), tinha indicado que os primeiros humanos a pisar a América partiram da Sibéria há 23 mil anos, tendo permanecido durante 8 mil anos em Beríngia, uma porção de terra hoje situada entre a Rússia e a ponta noroeste do continente americano. Pelo que a data de chegada deste povo à América se terá dado mesmo há 15 mil anos: algo confirmado pelo estudo publicado esta quarta-feira, sobre o ADN da criança sacrificada pelos Incas há… mais de 500 anos.