O empresário luso-angolano Hélder Bataglia, suspeito no processo ‘Operação Marquês’ que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates, enviou uma carta ao Ministério Público português em que afirmou estar à disposição das autoridades para ser ouvido, mas em Angola. Hélder Bataglia acrescentou ainda já ter dado conhecimento dessa disponibilidade à procuradora geral angolana. A notícia foi avançada pela SIC.

O homem-forte do grupo ESCOM (ex-BES) afirmou ainda só ter ficado a saber que era alvo de um mandato de captura internacional através da comunicação social e alegou ainda que nunca foi notificado para ser ouvido, algo que o Ministério Público (MP) português já terá tentado em diversas ocasiões.

Segundo a SIC, o procurador-geral adjunto Rosário Teixeira, titular do processo, terá já respondido à carta, dizendo que Hélder Bataglia é bem-vindo ao processo mas que tem de ser ouvido em Lisboa. E deixou o aviso: se for interrogado, será já na qualidade de arguido. 

Hélder Bataglia tem dupla nacionalidade, portuguesa e angolana, e isso impede que seja obrigado a depor em Portugal.

O empresário, que vive em Angola, esteve em Portugal em janeiro, para responder na comissão de inquérito ao caso BES. À data, Hélder Bataglia ainda não era suspeito na Operação Marquês.

O luso-angolano é suspeito, na investigação do Ministério Público, de ter depositado mais de 12 milhões na conta de Joaquim Barroca (ex-gestor do grupo Lena e arguido no caso) e de José Paulo Pinto de Sousa, primo de J0sé Sócrates. O dinheiro, segundo a acusação, terá tido como último destino as contas de Carlos Santos Silva, o empresário amigo do ex-primeiro-ministro, na Suíça. Em causa o resort de luxo algarvio Vale de Lobo.

Ainda segundo a SIC, a investigação ao ex-primeiro-ministro poderá prolongar-se até finais de setembro de 2016. A estação afirma que o Inspetor Tributário Paulo Silva, que pertence à equipa de investigação a Sócrates, já terá assumido ao Ministério Público e ao juiz de instrução (Carlos Alexandre) que só nessa data deverá entregar o relatório final do inquérito. O inspetor terá explicado que há ainda “muito por fazer”: estão a ser pedidos elementos bancários, faltam mais testemunhas e arguidos e é necessário seguir o rasto de mais suspeitos.

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