O Presidente da Birmânia juntou-se ao chefe do exército felicitando Aung San Suu Kyi pela vitória nas históricas eleições de domingo, prometendo uma transição suave do poder.

Num comunicado, publicado na quarta-feira no site da presidência, Thein Sein congratula Aung San Suu Kyi por “ganhar a aprovação do povo”, juntando-se ao chefe do exército, o general Min Aung Hlaing, que já felicitou a líder da oposição pela conquista da maioria dos assentos nas legislativas.

“Como governo, vamos respeitar e obedecer aos resultados eleitorais e transferir o poder pacificamente”, afirmou o chefe de Estado.

A líder da oposição birmanesa apelou na quarta-feira a conversações com o chefe do exército, com o Presidente e com o líder do parlamento, numa carta endereçada aos três homens-chave, tornada pública pelo partido que dirige, convidando-os a discutir a reconciliação na próxima semana.

A contagem dos votos prossegue, mas a LND, de Suu Kyi, conquistou já 256 assentos no parlamento, estando a pouco mais de 70 da maioria absoluta, de acordo com os mais recentes dados da comissão eleitoral.

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É dado como quase certo que a barreira seja superada à medida que se publicam mais resultados oficiais, já que o partido conquistou mais de 85% dos votos do universo de boletins escrutinados até ao momento. A LND precisa de conquistar na soma das duas câmaras 329 assentos para obter a maioria absoluta no parlamento, onde um quarto dos lugares é designado pelos militares ao abrigo de uma disposição da Constituição.

Uma vez confirmados os resultados prevê-se que em janeiro tome posse o novo parlamento, o qual vai eleger, entre fevereiro e março, o novo Presidente e dois vice-presidentes.

Prémio Nobel da Paz em 1991, Suu Kyi, que a junta militar manteve sob detenção durante mais de 15 anos, está impedida de se candidatar à presidência birmanesa devido a um artigo da Constituição, que exclui pessoas casadas ou com filhos estrangeiros – uma disposição que se considera visar diretamente a opositora, viúva de um britânico e com filhos de nacionalidade britânica.

Apesar de a candidatura à presidência ser impossível, Suu Kyi, de 70 anos, garantiu que vai dirigir o governo se a LND ganhar as eleições, as primeiras livres em mais de 25 anos. “Vou liderar o governo e vamos ter um Presidente que trabalhe de acordo com as políticas da Liga”, disse.

A Birmânia foi governada por regimes militares de 1962 a 2011, quando a última junta entregou o poder a um executivo civil, composto por antigos militares, que iniciou uma série de reformas políticas, económicas e sociais.