Os operadores do porto de Lisboa consideram “irracional” a greve dos estivadores que começa no sábado e se prolonga até 4 de dezembro, realçando que terá prejuízos económicos e de credibilidade “enormes” e “irreversíveis”. Esta manhã, à TSF, o presidente do sindicato dos estivadores admitiu que a paralisação se pode prolongar por tempo indeterminado, à semelhança do que aconteceu em 2012, ano cujo segundo semestre ficou marcado por sucessivas greves.

“Estamos na fase em que começamos a recuperar o que tínhamos perdido nos seis meses de greves em 2012 e três meses em 2013 e todo o trabalho foi em vão. Depois de quase dois anos a trabalhar o mercado, temos uma greve que é absolutamente incompreensível”, afirmou Rodrigo Moura Martins, da direção da Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL). Em declarações à Lusa, na véspera de uma greve de dez dias, o responsável considerou o protesto convocado pelo Sindicado dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro “irracional”, por querer salvaguardar no acordo coletivo de trabalho, que estava a ser negociado, cláusulas que vão contra a lei.

Essa lei, acrescenta, foi aprovada na Assembleia da República pelo PS, PSD e CDS-PP e está “pacificamente em vigor no resto do país”. “As consequências para os operadores portuários são prejuízos económicos evidentes, mas o que nos preocupa mais são os prejuízos enormes para o país, porque o porto de Lisboa tem a girar à sua volta um grande número de empresas que têm contratos a cumprir”, explicou Rodrigo Moura Martins.

O presidente do sindicato, António Mariano, teme que a negociação do contrato coletivo de trabalho leve à dispensa de “dezenas de trabalhadores” efetivos e à contratação de trabalhadores precários. “Se nós formos substituídos nos nossos postos de trabalho, que sempre executámos durante as últimas décadas, nós iremos fazer greve nestes terminais, iremos interromper o funcionamento destes terminais”, afirmou à TSF, admitindo que está em cima da mesa “avançar com greves contínuas”.

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O porta-voz da AOPL disse ser incapaz de quantificar “o prejuízo para a economia real”, realçando que mais grave é “a imagem que se dá ao exterior”, que é “muito difícil de reverter no futuro”, explicando que ainda hoje “os operadores andam a fazer um trabalho enorme para recuperar credibilidade e carga”. “O porto de Lisboa perdeu cerca de 40% da carga que normalmente movimentava com as greves de 2012 e 2013”, precisou.

Em 2013, os estivadores estiveram em greve parcial durante um mês e, em 2012, a paralisação prolongou-se pelo menos entre setembro e o início de dezembro, provocando grandes constrangimentos à atividade portuária e, segundo os operadores, levou a perdas significativas para o Porto de Lisboa.

O Sindicado dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal convocou uma greve com início às 8h00 de sábado e deverá prolongar-se até à mesma hora do dia 4 de dezembro, depois de ter denunciado a rutura da negociação do contrato coletivo de trabalho por parte dos patrões, altura em que prometeu anunciar ações de luta.