A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) manifestou esta quarta-feira a sua oposição a que o governo dos Estados Unidos venda armas à Arabia Saudita.

Segundo a HRW, em causa estão “alegadas violações das leis da guerra no Iémen” por parte dos sauditas que não foram ainda objeto de “investigações sérias”.

Esta semana, o governo norte-americano aprovou a venda, à Arábia Saudita, de bombas inteligentes avaliadas em 1.290 milhões de dólares, para repor os stocks gastos nos ataques aos insurgentes no Iémen e nos ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria.

A decisão foi anunciada pelo Governo norte-americano e foi apresentada sexta-feira ao Congresso, tendo os legisladores 30 dias para analisar o acordo e aceitar ou opor-se à transação.

“O Governo dos Estados Unidos está bem consciente dos ataques aéreos indiscriminados da coligação liderada pela Arábia Saudita, que mataram centenas de civis no Iémen desde março”, afirmou Joe Stork, subdiretor para o Médio Oriente e o norte de África da HRW.

Para Stork, nestas circunstâncias, “proporcionar mais bombas aos sauditas é a receita para mais mortes de civis, pelas quais os EUA serão parcialmente responsáveis”, pelo que a HRW pede ao Congresso norte-americano que trave a venda de armas.

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Em comunicado, a organização recorda que, segundo a ONU, “os combates no Iémen causaram já a morte a mais de 2.500 civis, a maioria vítima dos ataques aéreos da coligação liderada pela Arábia Saudita”.

A Human Rights Watch acrescenta que muitos ataques aéreos “não discriminaram entre civis e combatentes ou visaram lugares como mercados muito frequentados, nos quais não havia nenhum objetivo militar óbvio”, quando, pelas leis da guerra, as partes em confronto devem tomar todas as precauções para evitar vítimas civis.

Também se exige que as partes em conflito investiguem as denúncias credíveis sobre possíveis violações das leis da guerra e peçam contas aos responsáveis pelas mesmas e, segundo a HRW, não se conhece “nenhuma investigação sobre ataques aéreos por parte da Arábia Saudita e outros membros da coligação”, não tendo as autoridades sauditas respondido aos pedidos de informação da organização.