As bolsas da Península Ibérica têm tido na incerteza política um fator crucial nos últimos meses. Em Portugal, as eleições de 4 de outubro e o impasse que se seguiu e, em Espanha, as questões em torno da Catalunha e, claro, as eleições legislativas de 20 de dezembro. No país vizinho, o PP de Mariano Rajoy segue à frente nas sondagens mas deverá perder a maioria parlamentar, o que levará a um cenário político mais complexo. 

Neste clima de incerteza, os analistas do BPI listaram 8 ações em que os investidores devem investir por se tratar de empresas que passam ao lado desta incerteza política ibérica. Em nota de investimento difundida junto dos clientes, a equipa de analistas de ações do banco de investimento indicam um conjunto de “oportunidades atrativas” de investimento, uma lista inclui cinco empresas espanholas e três portuguesas. Comecemos pelas três cotadas do PSI-20.

EDP Renováveis

Preço-alvo do BPI: 7,80 euros

Fecho de terça-feira: 6,30 euros

O BPI tem na EDP Renováveis uma das 8 ações para passar ao lado da incerteza política na Península Ibérica, atribuindo-lhe um potencial de valorização de 23,8% (entre o fecho de terça-feira e o preço-alvo para final de 2016). A EDP Renováveis é uma aposta de “baixo risco”, tendo em conta a diversificação da sua carteira de ativos – 55% na Europa, 45% na América do Norte e 1% no Brasil.

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Apenas 10% da capacidade da EDP Renováveis está exposta a variações de preço da energia em mercado. “A estratégia do grupo baseia-se num modelo de autofinanciamento, à luz do esforço de ajudar a desalavancagem da casa-mãe (a EDP), com novas aquisições de capacidade apoiadas na geração de cash flow e encaixes financeiros com rotação de ativos”, ou seja, a compra e venda de ativos como parques eólicos.

O BPI admite novos negócios nos EUA e, também, com a China Three Gorges até ao final do ano, o que também deverá impulsionar a ação.

Jerónimo Martins

Preço-alvo do BPI: 15,70 euros

Fecho de terça-feira: 12,83 euros

O BPI subiu o preço-alvo da Jerónimo Martins de 15,40 para 15,70 euros, o que lhe atribui um potencial de valorização de 22,4%. A retalhista portuguesa está a “cumprir com as expectativas na Polónia”, elogiam os analistas do banco de investimento. O BPI salienta o crescimento das vendas não só na Polónia mas, também, em Portugal – “os indicadores de rendibilidade aumentaram no terceiro trimestre, depois de dois anos de margens em queda”.

“As vendas na Polónia continuam a ser suportadas por um aumento dos volumes (subida de 6% nos primeiros nove meses de 2015)” e, em Portugal, “num contexto difícil para o setor, a Jerónimo Martins tem tido um desempenho muito acima da média (aumento das vendas comparáveis de 4,1% nos primeiros nove meses de 2015)”.

A ação da retalhista já sobe quase 54% neste ano, uma das melhores no PSI-20, mas o BPI nota que se olharmos para a comparação com o setor retalhista europeu nos últimos 24 meses, a ação perde 9% ao passo que o setor ganha 23%. Fica, aqui, implícito na análise do BPI algum potencial para recuperação face às retalhistas europeias.

Portucel

Preço-alvo do BPI: 4,30 euros

Fecho de terça-feira: 3,836 euros

preço-alvo da Portucel, aos olhos do BPI, subiu de 4,20 para 4,30 euros. A ação tem, portanto, um potencial de valorização de 12,1%. O BPI nota que os preços do papel UWF estão a subir desde julho – o que tem suportado as ações da Portucel e, também, da Altri em bolsa – e “um novo aumento foi anunciado para janeiro de 2016”. 

O setor da produção da pasta de papel tem estado em destaque e as empresas europeias, como a Portucel e a Altri, têm beneficiado não só da melhoria do mercado mas, também, da desvalorização do euro face ao dólar. Muitos dos custos destas empresas são em euros e o produto é, normalmente, vendido em dólares, pelo que as empresas têm ganho com o facto de o euro ter caído para perto da paridade face ao dólar.

A recomendação do BPI para a Portucel deve-se ao facto de esta empresa estar a ter um desempenho ligeiramente inferior em comparação com os pares do setor (subida de 24% das ações, contra 29% no setor). “A dinâmica dos preços UWF deve acelerar, o câmbio dá uma ajuda e a geração de resultados prende as atenções”, conclui o BPI.

Cinco cotadas na bolsa de Madrid

Além das três cotadas portuguesas, o BPI aponta mais cinco ações da bolsa de Madrid que são boas apostas para fugir à incerteza. Ei-las, por ordem alfabética:

  • Cellnex: A Cellnex Telecom é uma novidade na lista de favoritas do BPI na Península Ibérica. Os analistas elogiam o “forte potencial de crescimento” e a boa “visibilidade” quanto às expectativas de geração de resultados. Além disso, a Cellnex tem um bónus que está associado ao potencial para se ver envolvida em operações de fusões e aquisições no setor das telecomunicações.
  • Enagas: O BPI gostou do que ouviu quando a Enagas apresentou o seu plano estratégico para 2015-2017. A empresa que opera redes elétricas em Espanha “continua a apostar na expansão internacional”, diz o banco de investimento. Apesar da recuperação recente das ações em bolsa (19% face aos mínimos de agosto), o BPI diz que a ação continua barata, quando se olha para o rácio preço-resultados (PER).
  • FCC: A construtora espanhola FCC é outra das apostas. A empresa está a preparar um aumento de capital mas, nos cálculos do BPI, a ação oferece “um potencial de valorização significativo”. A FCC está a passar por uma fase de reestruturação e deu, recentemente, as boas vindas a um novo acionista de referência: o mexicano Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo.
  • IAG: É uma aposta com maior risco, mas o BPI decidiu aumentar o preço-alvo das ações da IAG, a transportadora aérea que agrupa as operações da Aer Lingus, British Airways, Iberia e Vueling. O BPI vê condições operacionais “sólidas” no curto prazo e um médio prazo “promissor”. Acima de tudo, o BPI considera o preço a que a ação negoceia “atrativo”, à luz da sua capacidade de geração de resultados.
  • Liberbank: Finalmente, um banco. O espanhol Liberbank é, acima de tudo, uma aposta de que este banco poderá ver-se envolvido em operações de fusões e aquisições, o que tende a valorizar as ações se as operações permitirem sinergias vantajosas para os acionistas. Além disso, as ações estão a negociar “a desconto” em comparação com os rivais do setor e, também, os outros bancos espanhóis.

Este texto não dispensa a consulta da nota de investimento na íntegra, que pode ser pedida junto do banco de investimento ou do seu intermediário financeiro.