Desde a chegada ao poder da Coreia do Norte de Kim Jong-Un, os episódios de tensão entre este país e, principalmente, a Coreia do Sul têm-se multiplicado. Os receios do Ocidente em relação à atuação do líder norte-coreano aumentaram pelo “clima pre-bélico” que começou a instalar-se.

No entanto, o temido clima bélico nunca surgiu. Pelo menos a olhos vistos. Isto porque, e como conta o ABC, a guerra já terá tido início, mas através da internet. E o principal alvo tem sido o inimigo de sempre: a Coreia do Sul.

Exemplo disso mesmo foi o facto de, durante os meses de março e agosto de 2014, 58 computadores e servidores do metro da capital sul-coreana, Seul, terem sido pirateados. Sem nunca conseguir identificar a origem deste ataque informático, o ministro da Defesa do país apontou Pionyang como a origem mais provável.

Mas os ciberataques não se ficaram por aqui. Algumas bases na internet de centrais nucleares da Coreia do Sul foram também invadidas, com o roubo de vários documentos confidenciais. Também os canais de televisão, KBS, MBC e YTN, e dois bancos foram vítimas destes ataques. No entanto, o episódio mais marcante, e que encheu as capas dos jornais por todo o mundo, foi o ataque informático à Sony depois da estreia do filme de paródia ao líder norte-coreano “The Interview”.

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Mas quem está por detrás de tudo isto? Esta questão ganha maior relevo num país onde grande parte da população nem tem acesso à Internet. Segundo conta o mesmo jornal espanhol, na linha da frente deste combate informático está a chamada Oficina 121, uma espécie de unidade de elite de piratas informáticos ao serviço do governo norte coreano.

Segundo descreve à Agência Reuters o professor Heung-Kwang, um dissidente que fugiu da Coreia do Norte em 2004, deste grupo fazem parte, na sua maioria, estudantes da Universidade de Automatização, e os melhores destes são enviados para a Rússia e China para uma aprendizagem ao mais alto nível. Assim ficam prontos para atacar os “inimigos da pátria”. O mesmo professor contou que este departamento tem, atualmente, mais recursos e pode contar com até 6 mil informáticos.

O ABC acrescenta ainda que existem suspeições que a Oficina 121 funcione a partir da China. Isto porque os recursos tecnológicos utilizados no país liderado por Kim Jong-Un é muito menor do que, por exemplo, na Coreia do Sul ou até na China.