No que toca à expectativa, não há hipóteses: o Natal ganha sempre ao ano novo. Enquanto o segundo tem direito a 12 passas e a um coro que enumera, no máximo, os 10 segundos que faltam para a meia-noite, o primeiro antecipa-se muito tempo antes e tem direito à sua própria contagem decrescente logo a partir de dia 1 de dezembro.

A tradição terá surgido entre os luteranos alemães, que tinham por hábito contar os 24 dias até ao Natal através de um risco feito na porta de casa todas as manhãs. Do giz às velas, passando pelos santinhos na parede, no início do século XX, com a proliferação das tipografias, o calendário do advento — termo que designa, para os cristãos, a espera do nascimento de Jesus Cristo — ganhou realmente a forma de um calendário impresso. Primeiro para riscar, depois para colar, quase como uma caderneta, o calendário começou a ter pequenas janelas para abrir, evoluindo para os que se encontram hoje.

Cada dia uma janela e uma surpresa, a partir de 1 de dezembro — o método é sempre parecido, só muda o que está lá dentro. Se há quem mantenha os tradicionais exemplares de cartão que vão revelando figuras religiosas à medida que a data se aproxima, cada vez mais os calendários de advento que se encontram nas lojas são exemplares que, para além dos tradicionais chocolates, chegam a ter produtos de maquilhagem ou até pulseiras.

Maldito consumismo, poderão dizer as mesmas vozes que se revoltam com a celebração do Natal tal como acontece hoje em dia. Bendita imaginação, poderão dizer outros. No fundo, trata-se apenas de antecipar a abertura dos presentes e prolongá-la por 24 longos dias.

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