Quando no verão de 2006, Filipe viu Joana numa loja da baixa pombalina, não sabe precisar o que sentiu. “Foi uma energia. Estava ali qualquer coisa boa”, conta. Somaram-se os anos, as vontades, os projetos. E nove anos depois de Filipe ter decorado as saias coloridas de Joana, lançaram juntos a plataforma com que querem ajudar as startups a crescer. Como? Criando um assistente virtual à distância de um sms. Melhor, à distância de uma conversa no Whatsapp. Alguém perguntou por mim? Melhor, por eles?

O objetivo do projeto que Filipe Moreira, 25 anos, lançou no início da semana com a namorada Joana Filipe é simples: ajudar empreendedores e outros profissionais a reduzir o tempo que gastam em necessidades do dia a dia como agendar reuniões, encomendar serviços, procurar um novo escritório, reservar uma viagem de negócios ou até uma mesa para almoçar. Bastaram-lhe 1.300 euros para lançar o negócio, que desenvolve nas horas em que não é diretor de arte na agência de publicidade JWT, em Lisboa.  

“A ideia é criar um assistente virtual que permita poupar tempo. Sabemos o que custa lançar uma startup, o tempo e dedicação que exige. E queremos ajudar os fundadores a focarem-se apenas no negócio, em crescer e em escalar. E nós ajudamos nas tarefas que não precisam de ser eles a fazer, como procurar um parceiro para fazer a comunicação da startup ou marcar reuniões”, explica Filipe Moreira ao Observador. 

Uask4.me

Por enquanto, há apenas uma assistente virtual a responder às mensagens dos empreendedores

Se já tiver descarregado a aplicação Whatsapp, não precisa de fazer mais nada. É esta a ferramenta que o assistente virtual da Uask4.me vai utilizar para entrar em contacto consigo. E você com ele. “É tudo através de uma simples sms”, explica. Porquê? Porque “o telefone é aquela coisa que anda sempre connosco no bolso, nas mãos”. Como surgiu a ideia? Por uma necessidade pessoal. “Tenho pouco tempo para gerir tudo. E um dia comentei que me dava tanto jeito que o meu dia esticasse… E não era só o meu. E se existisse uma assistente pessoal que viajasse connosco 24 horas por dia? Dava-me um grande jeito”, conta. 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nascida a ideia, foram à procura do que já havia no mercado. Perceberam que existia algo semelhante nos Estados Unidos, mas direcionado para o consumidor final e para compras, como reservar bilhetes. Avançaram com o desenvolvimento do site e estão agora a fazer contactos para estabelecer parcerias.

“Queremos que as startups ganhem tempo e vantagem. Para que o processo seja mais simples e tenham mais vantagens por estarem ligados à Uask4.me”, adianta. 

No dia em que lançaram o projeto, conseguiram dois clientes. Joana estuda antropologia, é fotógrafa freelancer e está em part-time na empresa. Filipe também. É a mãe dele, Margarida Alexandre, com 46 anos, quem está responsável por assistir virtualmente os primeiros clientes da Uask4.me. “A minha mãe estava desempregada há dois anos. Trabalhava em hotelaria, mas não estava a conseguir arranjar nada. Então pensei que assim conseguia gerar emprego e colmatar uma necessidade familiar”, diz. 

É preciso investimento para chegar a Londres e a Berlim

A ideia de Filipe Moreira é levar a Uask4.me além-fronteiras. Mas para isso vai precisar de investimento, o suficiente para conseguir ter uma equipa dedicada ao desenvolvimento do produto, que crie uma plataforma própria que permita respostas mais céleres, ou seja, integrar o Whatsapp numa plataforma própria. E quando isto acontecer estão prontos para internacionalizar. Primeiros mercados-alvo: Londres e Berlim, por serem cidades de referência do ecossistema europeu de empreendedorismo. 

Por enquanto, quem quiser aderir ao Uask4.me, pode optar por três pacotes mensais distintos. O primeiro custa 29 euros e dá acesso a uma assistente virtual disponível das 9h às 18h para 10 tarefas por mês, com respostas no próprio dia. Por 55 euros mensais, o número de tarefas sobe para 20 e por 129 euros sobe para 50 tarefas. Em qualquer um dos casos, qualquer membro da equipa pode utilizar o serviço. 

Aos 16 anos, Filipe lançou uma página na rede social MySpace para fazer negócio: fazia o design de capas para álbuns e vendia-as às bandas. Pouco tempo depois, lançou uma espécie de gráfica online. Agora, quer ajudar as startups a crescerem. Did anyone ask for Filipe?