Com apenas 66 centímetros de altura, Yoda tornou-se, juntamente com Darth Vader, numa das figuras mais icónicas da Guerra das Estrelas. Mesmo para aqueles que nunca viram nenhum dos seis filmes da saga de George Lucas. A fama do pequeno jedi é tanta que até se fizeram músicas sobre ele, livros, origamis e merchandise às toneladas. Passados 35 anos da estreia do Império Contra-Ataca, o filme que deu a conhecer o mestre jedi, uma coisa parece ser certa — Yoda continua tão popular como sempre foi.

A primeira referência a Yoda surge no segundo filme da Guerra das Estrelas, O Império Contra-Ataca, pela boca do fantasma de Obi-Wan Kenobi, morto durante o primeiro filme. É Obi-Wan que guia Luke Skywalker, herói dos primeiros três filmes, até Dagobah, um planeta periférico e pantanoso onde Yoda, um antigo mestre jedi muito poderoso, vive exilado. É a este que cabe a tarefa de continuar o treino de Luke iniciado por Kenobi três anos antes, no episódio IV da saga, Guerra das Estrelas: Uma Nova Esperança (1977).

Excêntrico e debilitado (Yoda usava sempre uma bengala e coxeava ligeiramente), o pequeno ser de orelhas pontiagudas pouco ou nada se parece com a figura do grande mestre jedi que Luke imaginou. “Pelo tamanho me julgas?”, pergunta-lhe Yoda no filme. Contudo, com o tempo, Luke aprende a ouvir os sábios conselhos do velho jedi e a distinguir o lado da luz do lado negro da Força.

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Metade maquilhador, metade Einstein

Originalmente, Yoda só deveria aparecer no segundo filme, mas George Lucas optou por incorporá-lo na última cena de O Regresso de Jedi (1983). Yoda só voltaria 19 anos depois, no episódio I da saga, A Ameaça Fantasma. O filme de 2002 marcou não só o regresso de uma das sagas mais queridas dos fãs de ficção científica, mas também uma grande mudança em Yoda, que deixou de ser uma marioneta para se transformar num boneco animado por computador.

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O Yoda que hoje conhecemos é, essencialmente, uma criação do maquilhador Stuart Freeborn. Porém, antes de se tornar no pequeno jedi verde de orelhas pontiagudas, o mestre de Luke Skywalker passou por muitas (e bizarras) transformações. A verdade é que Yoda nem era para se chamar Yoda. Inicialmente, George Lucas tinha pensado no nome “Buffy”. A ideia só foi abandonada quando o guionista Leigh Brackett escreveu o rascunho do guião de O Império Contra-Ataca e chamou a Yoda “Minch Yoda”, acabando por ficar apenas “Yoda”.

O nome Yoda tem origem o termo Yodeah, que significa “guerreiro” em sânscrito, uma língua indiana de uso litúrgico. A palavra poderá estar também relacionado com a expressão hebraica yodea, que significa “ele sabe” ou “aquele que sabe”. Alguns estudiosos acreditam ainda que o nome poderá ser uma referência ao yoga.

Os primeiros desenhos originais mostram um Yoda muito diferente — e azul. Semelhante a um smurf, o jedi tinha inicialmente uns grandes olhos castanhos, uma barba branca e um chapéu pontiagudo, igual ao dos anões da Branca de Neve. Só mais tarde é que se tornou verde.

Uma vez resolvida a questão da cor, surgiu outro problema: como tornar a figura de Yoda real. A primeira ideia pouco ou nada tinha a ver com a famosa marioneta de O Império Contra-Ataca. Inicialmente, George Lucas queria que a personagem fosse interpretada por um macaco mascarado com uma bengala. Sim, leu bem — um macaco com uma bengala. O realizador estava tão decidido que chegou mesmo a chamar ao estúdio um treinador de macacos, para que começassem rapidamente a trabalhar no filme.

Uma fotografia divulgada em 2013 pelo fã da Guerra das Estrelas Will McCrabb mostra um treinador com o futuro Yoda ao ombro. Felizmente, a ideia nunca chegou a andar para a frente.

Foi Stuart Freeborn que criou a marioneta de Yoda usada nos dois últimos episódios da saga. Para a figura do pequeno jedi, o maquilhador inspirou-se em quem? Nele próprio. Quando começou a modelar o rosto de Yoda, Freeborn procurou reproduzir a forma da sua cabeça, quase careca, as rugas e o seu queixo pontiagudo. Apenas o lábio superior e os olhos é que tiveram outra inspiração. De acordo com o maquilhador, este último é igual ao de Albert Einstein — mas sem bigode. Também os olhos são semelhantes aos do físico alemão. O objetivo era fazer com que Yoda parecesse inteligente aos olhos dos espectadores sem ter de pronunciar uma única palavra.

A famosa marioneta ganhou depois vida através das mãos (e voz) de Frank Oz, um marionetista conhecido pelo seu trabalho nos Marretas. Apesar de a voz (e a maneira de falar) de Yoda se ter transformado numa das suas principais características, no início George Lucas não ficou muito entusiasmado com a ideia de ter Oz a fazer as dobragens. O realizador chegou mesmo ao ponto de marcar audições para encontrar um substituto.

Para o episódio I, A Ameaça Fantasma, foi criado um novo boneco, uma versão rejuvenescida do Yoda dos últimos filmes, pelo maquilhador Nick Dudman, que também participou nos filmes de Harry Potter. Para O Ataque dos Clones, porém, Rob Coleman, diretor de animação, decidiu optar por uma versão digitalizada da antiga marioneta de Oz, o que não agradou a muitos fãs. Só assim se tornou possível realizar o duelo entre Yoda e o seu antigo padawan, Count Dooku, interpretado por Christopher Lee. As habilidades realizadas pelo pequeno mestre jedi nunca poderiam ter sido reproduzidas por uma marioneta.

Yoda, um mistério ele é

Apesar de ser uma das personagens mais famosas da saga Guerra das Estrelas, pouco se sabe sobre Yoda. Qual é o seu nome verdadeiro? Qual é o nome e origem da sua espécie? George Lucas chegou mesmo a admitir que ele próprio também não conhece muito sobre Yoda — e que também não quer conhecer. Quando questionado sobre a espécie, Lucas disse apenas que Yoda é “o filho ilegítimo do Sapo Cocas e da Miss Piggy”. Pelo menos ficou explicado o porquê do seu tom de pele.

O pequeno jedi nasceu no ano 896 antes da Batalha de Yavin (BBY) num planeta muito, muito distante. Diz a lenda que, originalmente, Yoda não sabia que era sensível à Força. A revelação foi-lhe feita por um mestre jedi, depois de ter abandonado a sua terra-natal numa nave rumo ao Mundo dos Núcleos, na companhia de um humano. Porém, os dois nunca conseguiram chegar ao destino. Durante a viagem, a nave foi atingida por um asteróide danificando o sistema de navegação e obrigando os dois amigos a passarem vários dias à deriva no espaço.

Quando já tinham perdido toda a esperança, os sensores da nave captaram um sistema solar desconhecido, não muito longe do local onde se encontravam. Yoda e o amigo usaram a pouca energia que lhes restava e aterraram num planeta pantanoso, coberto por uma densa neblina. Ao fim de alguns dias, foram encontrados por uma estranha criatura, o mestre jedi Hylsalriano N’Kata Del Gormo, que lhes revelou que eram ambos sensíveis à Força.

À semelhança do que Yoda fez com Luke Skywalker, Gormo recebeu os dois em sua casa e treinou-os para se tornarem mestres jedi. No ano 796 BBY, Yoda recebeu o título de mestre, e começou a treinar o seu primeiro padawan — o primeiro de muitos.

Este é um dos poucos factos conhecidos sobre Yoda. Por alguma razão, George Lucas sempre preferiu manter grande parte da sua história em segredo, desencorajando inclusive a exploração da sua espécie no franchise da saga. Durante vários anos, até ao aparecimento de Yadda em A Ameaça Fantasma, o realizador evitou até confirmar a existência de outras criaturas semelhantes ao pequeno jedi.

Sobre a sua espécie sabe-se apenas que os seus membros são muito pequenos (geralmente medem menos de 70 centímetros), são especialmente sensíveis à Força e muito sábios. Têm uma grande longevidade, podendo viver várias centenas de anos. São verdes, têm as orelhas longas e pontiagudas, semelhantes às dos elfos das histórias de J.R.R. Tolkien, e mãos pequenas, com apenas três dedos.

Para além de Yoda, conhecem-se outros quatro membros da sua espécie, todos importantes membros da Ordem dos Jedi durante o tempo da República (antes de Palpatine se tornar imperador): Vandar Tokare, Yaddle, Minch e Oteg. Dos quatro, Vadar Tokare e Yaddle são os mais conhecidos, tendo desempenhado papéis importantes no franchise da saga.

Tokare viveu durante a era da Antiga República, muito antes de Yoda ter nascido. Foi membro do Conselho Jedi de Dantooine, do Alto Conselho Jedi e do Conselho da Academia Jedi. Já Yaddle, uma famosa mestre jedi, pertenceu ao Alto Conselho Jedi até à data da sua morte, em 26 BBY (antes da Batalha de Yavin), durante uma missão de paz ao núcleo galático de Gawan. Quando morreu, tinha cerca de metade da idade de Yoda. Durante os seus quase 500 anos de vida, Yaddle treinou dezenas de padawans, incluindo Oppo Rancisis, que viria também a tornar-se membro do conselho. A jedi aparece no filme de 1999 A Ameaça Fantasma.

A polémica dos dedos dos pés

A dúvida assombrou os fãs da Guerra das Estrelas durante muitos anos: afinal, quantos dedos dos pés tem Yoda? A incerteza permaneceu durante tanto tempo porque, ao longo dos anos, os pés do pequeno mestre Jedi têm sido retratados de maneiras muito diferentes, incluindo nos próprios filmes.

Apesar de a espécie a que pertence ser (teoricamente) tridátila, ou seja, ter três dedos, os seus pés só são representados dessa forma no episódio I da saga, Guerra das Estrelas: A Ameaça Fantasma. Nos restantes filmes, Yoda, quer seja na sua forma digital ou em marioneta, aparece sempre com quatro dedos. Ou cinco. Ou sete.

A confusão é tão grande que, em O Império Contra-Ataca, os pés do mestre Jedi aparecem retratados de três formas diferentes. Na cena em que vasculha as coisas de Luke, os pés de Yoda têm sete dedos mas, quando vistos de frente, têm três. Nas pegadas que deixa na lama, parece ter quatro, não se chegando a perceber se seguem a disposição dos dedos humanos ou dos pássaros, com três dedos na parte da frente do pé e um quarto na parte de trás.

As dúvidas só se dissiparam (ligeiramente) com a publicação da enciclopédia The New Essential Guide to Alien Species, que reúne informação sobre dezenas de espécies do universo Guerra das Estrelas. O livro refere que a espécie de Yoda tem “cinco dedos dos pés, três à frente e dois atrás”. Contudo, não existe nenhum filme onde isso seja visível. A falta de coerência fez com que as action figures da saga, produzidas desde O Regresso de Jedi, tivessem três, quatro ou cinco dedos, nas mais diversas disposições.

[Veja nesta fotogaleria alguns dos artigos de merchandising com Yoda]

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Um monge da Idade Média

Durante a pesquisa para o livro Medieval Monsters, o historiador Damien Kempf deu de caras com um manuscrito muito peculiar. Numa página do chamado Smithfield Decretals (“Decretos de Smithfield”), um conjunto de decretos papais criados no século XIV no sul de França, Kempft encontrou uma imagem de um monge que é muito semelhante à do mestre Yoda. “Quando encontrei o monstro nem consegui acreditar. É um manuscrito que foi criado há 700 anos”, disse o historiador em entrevista ao programa de rádio The Verb, da BBC.

Assim que foi publicado no blog Medieval Manuscripts, da British Library, a imagem tornou-se rapidamente viral. “Gostava de dizer que era mesmo o Yoda ou que foi desenhado por um viajante do tempo”, referiu Julian Harrison, curador da biblioteca, ao The Two-Way. “Na verdade, é uma ilustração de uma história bíblica sobre Sansão.”

Apesar de o texto ser sobre Sansão, ninguém sabe ao certo quem é a figura de orelhas pontiagudas do manuscrito, que terá sido produzido entre 1300 e 1340. “O artista tinha, nitidamente, uma imaginação muito viva!”, salientou o curador da British Library. Talvez Yoda até tenha mesmo existido.