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Eventos extremos: Portugal está entre os 20 países mais afetados no mundo

Este artigo tem mais de 5 anos

O Índice de Risco Climático Global da Germanwatch pretende servir de alerta para os países mais vulneráveis e com maior frequência de eventos extremos para que tomem medidas de prevenção.

As Filipinas são um dos países que sofre com eventos extremos com mais frequência
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As Filipinas são um dos países que sofre com eventos extremos com mais frequência

NOEL CELIS/AFP/Getty Images

As Filipinas são um dos países que sofre com eventos extremos com mais frequência

NOEL CELIS/AFP/Getty Images

Os países menos desenvolvidos sofrem mais com os efeitos das alterações climáticas do que os países mais desenvolvidos. Não é novidade, mas foi confirmado mais uma vez pela 11ª edição do Índice de Risco Climático Global (Global Climate Risk Index), apresentado esta quinta-feira pela Germanwatch. Mas também há países, como Alemanha, França e Portugal, que aparecem entre os 20 países mais afetados do mundo nos últimos 20 anos.

  • Sérvia, República Islâmica do Afeganistão e Bósnia e Herzegovina foram os países mais afetados por eventos extremos em 2014;
  • Honduras, Birmânia e Haiti estão no topo da lista para o período de 1995 a 2014;
  • Filipinas e o Paquistão estão entre os países que são recorrentemente afetados por catástrofes;
  • Portugal aparece em 19º lugar na lista de países mais afetados nos últimos 20 anos.

Precipitação, cheias e deslizamentos de terras estão entre os eventos que causaram mais estragos em 2014, mas os autores alertam que nestes relatórios não são considerados certos eventos como o aumento do nível do mar, o degelo dos glaciares e os aumentos da acidez e da temperatura dos oceanos.

O Índice de Risco Climático Global analisa os eventos extremos tanto em termos de número de mortos – o número total de pessoas afetadas é muito difícil de reunir – e perdas económicas com base no serviço Munich Re NatCatSERVICE, “uma das bases de dados mais fiável e completa sobre este assunto”, referem os autores da Germanwatch no relatório. Para o período de 1995 a 2014 apontam os seguintes números:

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  • Registaram-se mais de 15 mil eventos extremos;
  • Morreram mais de 525 mil pessoas em todo o mundo;
  • Os prejuízos ultrapassaram os 2,97 biliões de dólares (cerca de 2,8 biliões de euros);
  • Em Portugal, morreram uma média de 143,85 por ano (1,38 por cada 100 mil habitantes).

Os autores do relatório reconhecem que eventos extremos que acontecem apenas uma vez não podem ser atribuídos às alterações climáticas causadas pelo homem, mas reforçam as alterações climáticas podem potenciar esses fenómenos. Além do mais, um país que seja vulnerável a eventos extremos, será certamente vulnerável às consequências das alterações climáticas. Os autores lembram, no entanto, que entre os países mais susceptíveis nem todos registam eventos extremos com a mesma frequência, o que não significa que se deva descurar a atenção nesses países.

Este relatório, embora contribua com mais informação para o problema, é apenas uma peça no puzzle complexo dos impactos das alterações climáticas, referem os autores do trabalho. Reflete os impactos passados e presentes e não pretende servir de projeção para futuras ocorrências. “O Índice de Risco Climático Global indica o nível de exposição e vulnerabilidade aos eventos extremos que os países devem entender como um aviso para estarem preparados para eventos mais frequentes e mais severos no futuro.”

Os autores reconhecem que o relatório carece ainda de dados, especialmente registos comparativos de longo termo, tais como dados sócio-económicos. Além disso, só consideram impactos directos. Não foram, por exemplo, considerados os efeitos indiretos das ondas de calor em África, como as secas e a diminuição da produção de alimentos. E falta ainda a inclusão de algumas pequenas ilhas por escassez de dados. Ainda assim, não deixa de servir de alerta para que os países se preparem para enfrentar estes problemas e as perdas possíveis.

Que ajudas estão a preparar os países mais desenvolvidos

Assegurar que o desenvolvimento dos países, sobretudo os mais vulneráveis, não é perdido por causa das alterações climáticas é um dos objetivos do aumento de resiliência das populações. Investir na capacidade de defesa e recuperação perante condições adversos vai garantir que outro tipo de investimentos não fiquem comprometidos com os impactos das mudanças no clima e dos eventos extremos. Mas para isso é preciso financiamento.

A Fundação Rockfeller estima que, nos últimos 30 anos, um dólar em cada três gasto em desenvolvimento foi perdido como resultado de crises recorrentes correspondendo a perdas de 3,8 milhões de dólares (cerca de 3,6 milhões de euros) em todo o mundo, segundo comunicado da UNFCCC.

Esta quarta-feira, durante a Conferência do Clima em Paris foram definidas novas iniciativas para apoiar o aumento da resiliência das populações mais vulneráveis, segundo comunicado da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês para United Nations Framework Convention on Climate Change).

  • Climate Risks and Early Warning Systems. Sistema de alerta precoce para 50 países menos desenvolvidos e pequenos Estados-ilha, até 2020, no valor de 100 milhões de dólares;
  • G7 InsuResilience Initiative. Garantir que 400 milhões de pessoas nos países mais vulneráveis possam ter acesso a seguros nos próximos 5 anos. A Alemanha já se comprometeu com 150 milhões de euros iniciais;
  • Global Resilience Partnership já conseguiu reunir 150 millhões de dólares para ajudar as populações do Sahel e do sul e sudeste da Ásia a lidar e adaptar-se às alterações climáticas, mas procura mais financiamento para poder chegar a outros locais;
  • A União Europeia vai contribuir com 125 milhões de euros para ajudar os países afetados com o El Niño a melhorarem a resiliência e a terem melhores sistemas de resposta em caso de emergência;
  • Antecipar, Absorver, Remodelar (A2R). Um programa que conta com o apoio do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, e 13 Estados-membros para aumentar a capacidade dos países de antecipar os perigos, absorver os impactos e remodelar o desenvolvimento para evitar os riscos das alterações climáticas. A iniciativa pretende chegar a 634 milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras e zonas de secas ou cheias.

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