O aumento de peso da mãe entre a primeira e a segunda gravidez pode aumentar o risco de morte prematura do bebé ou mesmo de nados-mortos, afirma uma equipa de investigadores num artigo publicado na conceituada revista médica The Lancet. Por outro lado, a perda de peso nas mulheres obesas pode diminuir o risco de morte para os bebés.

Morte precoce dos bebés

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Nados-mortos – morte do feto a partir das 28 semanas

Mortalidade infantil – morte durante o primeiro ano de vida

Causas de morte – anomalias congénitas, asfixia durante o parto, infeções e Síndroma da Morte Súbita do Lactente

The Lancet

O trabalhado foi baseado nos registos médicos de nascimento suecos e contou com os dados de mais de 450 mil mulheres que deram à luz o primeiro e o segundo bebé entre 1992 e 2012. O estudo conclui que as mulheres que aumentaram em média 11 quilogramas entre as duas gravidezes tinham o dobro do risco de que o bebé morresse nas primeiras quatro semanas de vida, quando comparadas com as mulheres que mantinham o peso (variação de um quilo ou menos).

O aumento de peso entre gravidezes sucessivas aumenta o risco de pré-eclampsia (hipertensão na gravidez), de diabetes durante a gestação e de nascimentos prematuros. Esta associação entre o aumento de peso e o aumento dos riscos é mais pronunciado entre as mulheres que partiram de um peso saudável, do que entre aquelas que já eram obesas ou tinham excesso de peso.

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Os autores reconhecem que existem factores como a idade da mãe, o grau de escolaridade e a adição ao tabaco, que podem aumentar o risco de os bebés morrerem ainda no ventre materno. Mas este risco aumenta, ainda assim, com o aumento de peso das mães. Porém, as mães que perderam pelo menos seis quilos entre a primeira e a segunda gravidez têm menos 50% de probabilidade de que os bebés morram durante a gestação.

“A prevalência do excesso de peso e obesidade nas grávidas atingiu níveis epidémicos. Mais de metade das mulheres nos Estados Unidos e uma em cada três na Suécia têm excesso de peso ou são obesas no início da gravidez”, afirmou em comunicado Eduardo Villamor, professor de Epidemiologia na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Michigan. “Os nossas descobertas reforçam a importância de educar as mulheres para manterem um peso saudável durante a gravidez e reduzirem o excesso de peso antes de engravidarem de forma a aumentarem a probabilidade de sobrevivência das crianças.”

Apesar de terem dados de mais de 450 mil mulheres, os autores assumem que os resultados ainda podem melhorar em termos estatísticos. Uma das dificuldades encontradas foi ter acesso às diferenças de peso entre duas gravidezes sucessivas. Por exemplo, algumas mulheres excluídas da análise, por falta de dados completos, tinham taxas de nados-mortos e de mortalidade infantil maiores que as das mulheres incluídas no estudo. Logo o risco pode estar subestimado.