Portugal, São Tomé, Cabo Verde e Moçambique apresentaram na Cimeira do Clima (COP21), em Paris, três projetos de mitigação e adaptação às alterações climáticas que estão em curso.

Na conferência intitulada “Planº C – À Prova de Clima: Progressos em Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe”, foram apresentados os programas EBAC (Estratégias de Baixo Carbono), IAC (Integração da Adaptação na Cooperação) e PACA (Planos de Ação Comunitários de Adaptação), três projetos desenvolvidos com o apoio da Cooperação Portuguesa e financiados pelo Fundo Português de Carbono.

Nuno Lacasta, Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), lembrou que Portugal comprometeu um montante global de 17,5 milhões de euros em projetos de capacitação com incidência quer para mitigação quer para adaptação às alterações climáticas com Países Africanos de Língua Portuguesa.

“Para Portugal, o investimento nestas iniciativas é de maior relevância pelas implicações positivas e concretas nos países parceiros e porque acreditamos que é um excelente veículo para reforçar as nossas capacidades em matéria de alterações climáticas”, declarou Nuno Lacasta.

Em declarações à agência Lusa, no final da conferência, o presidente da APA explicou que “também Portugal aprende com estes projetos em termos de abordagens participadas com comunidades locais que votam quais são as medidas de adaptação à mudança do clima que querem ver implementadas nas suas comunidades”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

É o caso, por exemplo, do projeto PACA, apresentado por Rosália Pedro, técnica na direção nacional para o Ambiente em Moçambique, um programa que “traz como vantagem um empoderamento das comunidades para que elas se tornem mais resilientes às mudanças climáticas”.

“O que esperamos do projeto – que inicialmente está a ser implementado em nove localidades – é que seja expandido para outras localidades no país”, acrescentou Rosália Pedro à agência Lusa, precisando que “as comunidades identificam as suas opções de adaptação segundo o que têm sofrido”.

“Por exemplo, se for seca, algumas identificam como prioridades de adaptação a construção de uma represa. Então, vai-se construir a represa, vai-se deixar a represa sob gestão da própria comunidade. A represa pode dar para a rega, para os animais beberem e para cultivar pequenas culturas”, descreveu.

Carlos Moniz, diretor de estudos, análises e precisões do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Cabo Verde, apresentou o EBAC, um programa de 36 meses, orçado em 1.082.284 euros, que deve “estar terminado em setembro de 2016”, lembrando que Cabo Verde também está a desenvolver o programa IAC.

“São dois projetos para nós, neste momento, de extrema importância, principalmente no que concerne à capacitação e formação em português”, explicou Carlos Moniz à agência Lusa, explicando que é uma “mais-valia” para que Cabo Verde tenha quadros formados capazes de elaborar os “próprios inventários de gases de efeitos de estufa” e elaborar os “próprios projetos de adaptação e mitigação às mudanças climáticas”.

Adérito Santana, meteorologista no Instituto Nacional de Meteorologia de São Tomé e Príncipe, explicou que o país está a desenvolver a estratégia de desenvolvimento de baixo carbono no âmbito do programa EBAC e deu conta da implementação do projeto IAC no arquipélago, orçado em cerca de 570 mil euros e que deverá terminar em março de 2016.

“O IAC teve uma grande importância para nós porque permitiu que, ao nível nacional, pudéssemos capacitar pessoas – quadros a nível das instituições públicas, privadas e outras – em relação à maneira como devem ver a questão das mudanças climáticas quando tiverem de elaborar os seus projetos”, afirmou Adérito Santana à agência Lusa.